tag:blogger.com,1999:blog-71666260765846635702024-02-06T23:11:08.578-03:00Transformismo. Uma arte!Este é um projeto que visa trazer à tona parte importante da memória da arte transformista de Porto Alegre, através de conceitos, das biografias de artistas, assim como das casas noturnas e seus empresários. Sugiro, para um melhor entendimento do assunto, que este blog seja lido de "baixo pra cima"! Isto é, as postagens mais antigas primeiro. Obrigado pela "presença" e sejam todos bem vindos!Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-78272572861039775162018-06-28T16:53:00.002-03:002018-06-28T16:57:48.303-03:00Sexo e genero<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;">Salve
Caríssimos!!!</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> A</span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;">ssim,
ao colocar conceitos sobre sexo, gênero e identidade, o farei tendo
por base como essas questões foram construídas e se constituindo
dentro da Civilização Ocidental de forma generalizada e na cultura
brasileira de uma forma mais particularizada. Porém, antes de
falarmos de gênero, vamos primeiro esclarecer alguns conceitos que o
embasam: sexo, gênero, identidade, orientação e comportamento
sexual. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Primeiramente,
como disse antes , o sexo nos seria dado ao nascimento e quem o
determina, caso a biologia não esteja enganada è a genética, e
somente ela ainda define a que sexo alguèm pode ter, ou seja, è um
conjunto de caracteristicas anatômico-biològicas que nos habilita
para a reproduçâo e que farà perpetuar nossa espècie, segundo as
leis genèticas e evolutivas de darwim e spencer, jà, gênero è um
construto para nosso comportamento social a que determinado sexo està
inscrito, se um homem, nascido homem, espera-se dele um comportamento
masculino ou o que a sociedade, a cultura local e a època
delimitaram como masculinos e daqueles nascidos mulher a mesma coisa,
espera-se um comportamento tido como feminino. Tudo conforme as
doutrinas binarias culturais e locais.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Assim,
as linhas e encaixes desses comportamentos de gênero foram se
realinhando e por vezes se deslocando conceitualmente e aquele que
nascido homem, talvez pudesse almejar um comportamento tido como
feminino ou ainda portar-se como pertencente a outro gènero conforme
o local e a època em que estivesse inserido: aqui jà retratado como
habitantes em outro post da amèrica indìgena que nascidos no sexo
masculino portavam-se como se pertencessem ao sexo feminino caso aqui
já mencionado como berdaches! </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> A
forma como um determinado grupo humano entende o gênero faz parte
dos códigos e simbologias inscritas em sua cultura, em uma visão
coletiva de mundo. E isto se aprende das gerações anteriores. O
novo sempre olhamos com um certo olhar do passado e na pré-história,
há milhares de anos atrás, o mundo se apresentava para os homens
carregado de simbologias que eram acessadas por associações. E
talvez ainda o seja assim. As diferenças entre homens e mulheres não
eram percebidas por sua anatomia. A única diferença inquestionável
ainda era a capacidade própria das mulheres de serem depositárias
da vida já que o homem era o portador dela através de seu sêmen.
Por esta característica, à mulher foram associadas uma série de
manifestações simbólicas da natureza, por exemplo, a fertilidade,
a umidade, a noite, o frio, as trevas, a obscuridade, o túmulo, a
casa, o privado. Como a apreensão do mundo se opera de forma
binária e relativa, segundo a antropologia, ou seja, aos pares,
comparativamente e por oposição, ao homem foram imputadas
características opostas: o seco, o dia, o calor, o céu, a
claridade, a rua, o público. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Assim,
por consolidar a homens e mulheres uma série de características a
eles atribuídas, esperava-se de um e outro sexo, um comportamento
condizente com estas características socialmente pré-estabelecidas.
Assim foi-se configurando o que hoje entendemos como gênero, entâo,
um construto social e ainda, da mulher esperava-se uma certa
feminilidade, fragilidade, que fosse cordata e gentil, e do homem
esperava-se a masculinidade, a bravura, a coragem, que fosse
aguerrido e bravo. E com pequenas variações em suas manifestações
estes fenômenos foram perpetuando-se através dos séculos por meio
da educação das crianças e da forma como se impunha um
comportamento a elas por meio do uso de toda uma simbologia de
pertencimento de gênero. Então através de vestimentas, acessórios,
adornos, artefatos e brinquedos, cores, todos eles indicativos do
sexo ao qual pertencia a criança (ou se acreditava e queria que
pertencesse) e com o intuito de reforçar o pertencimento de gênero
da mesma em relação ao seu sexo. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;">Isto
se acirrou enormemente a partir do século XIX quando a ideia de
infância foi aperfeiçoada. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;">Qualquer
alteração nessas características era vista com no mínimo
desconfiança, até a total intolerância, variando conforme o lugar
e a época.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Porèm,
com o passar do tempo, e evoluçao do pensamento cientifico e social,
as acomodações sociais e talvez por ideias de liberdade e
principalmente livre-arbitrio, os gêneros nâo se encaixavam mais,
assim um homem nascido do sexo masculino poderia nâo se enquadrar no
sexo masculino condizendo com as questôes sociais de gênero a ele
esperadas</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Assim
como uma mulher nascida mulher poderia sentir-se um homem. Esse fato
ainda foi atè bem pouco tempo atràs, na verdade a disforia de
gênero deixou de ser entendida e tratatda como um transtorno mental
hà poucos dias, precisamente em 18/06/2018, segundo a organização
mundial da saùde, enquanto a homossexualidade foi retirada do
condigo de doenças, em 1990. Nesse sentido orientaçâo sexual è o
desejo amoroso-afetivo-eròtico que um sexo nutre pelo outro, se
pelo mesmo de nascimento chama-se homossexualidade, se pelo oposto
heterossexualidade, se por ambos bissexualidade, essas
caracterìsticas segundo muitos pensadores nâo seriam naturais,
provavelmente socio-culturais. Atualmente hà muitos que criticam
esses pensamentos, o colocando como contràrios à uma lei divina,
sendo a fè ainda fortemente ligada a essas questôes, Nesse sentido
há ainda um forte embate entre qual pensamento tenha mais força e
pressâo social em nossa sociedade humana, se o pensamento cientìfico
ou um pensamento religioso, havendo hoje muitos debates e discussôes
acaloradas sobre qual pensamento deva prevalecer.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> Essa
talvez seja a ùltima postagem com conceitos filosóficos e
antropològicos, provavelmente na pròxima postagem, comece a
publicar textos com històrias a respeito de personalidades famosas
na història brasileira que tenham desafiado as normas de gênero e
identidade de gênero e sexual.</span></span></span></div>
Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-81180483707820243612017-05-17T16:51:00.002-03:002017-06-30T18:10:43.785-03:00<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 11pt;">Salve
Caríssimos!!!</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 11pt;">Bem, após a postagem anterior a respeito das possibilidades de ocorrência
de diferentes fenômenos de transgeneração em diversas culturas,
sociedades e épocas distintas, começo, agora, a publicar uma série
de textos com conceitos, em sua maioria antropológicos e filosòficos
acerca dos fatos e instituições que propiciaram o desenvolvimento
de vários fenômenos de transgeneração em nossa cultura, com o
foco final, é claro, no transformismo. Isso, ainda, antes de
entrarmos com as biografias dos artistas nacionais, do Brasil e aqui
de Porto Alegre/RS.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> A
pesquisa que faço tem como foco fenômenos referentes à nossa
cultura. Mas qual cultura considero exatamente como nossa? Quando
falo em cultura não o faço somente tendo como referência a cultura
brasileira (ou as culturas brasileiras...). Mesmo porquê a cultura
de nosso país faz parte de um todo maior comungando muitos elementos
culturais com outros países e regiões do planeta por terem tido uma
origem comum. Assim, quando falo em nossa cultura me refiro à
Cultura Ocidental. E q</span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">uando
falamos em Cultura Ocidental, geralmente a relacionamos a uma Europa
industrializada e nórdica. Entretanto, devemos estar atentos às
raízes e influências que esse continente recebeu da Ásia e da
Africa, através do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo e das
civilizações antigas ao seu redor e que muito influenciaram nossa
cultura. Entre tantas, cito a grega, a romana, a hebraica, a árabe,
etc. E entre estas influências, a que aqui nos interessa, é
exatamente a forma como essas civilizações antigas lidavam com as
questões de gênero e como nós, brasileiros, herdamos através dos
portugueses, seja pelo viés ibérico, seja pelo viés
judaico-cristão.</span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 11pt;"> </span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Para
começarmos a discutir essas questôes, podemos começar com dois
conceitos bem bàsicos: o de sexo e gênero!</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 11pt;"> </span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Assim,
ao colocar conceitos sobre sexo, gênero e identidade, o farei tendo
por base como essas questões foram construídas e se constituindo
dentro da Civilização Ocidental de forma generalizada e na cultura
brasileira de uma forma mais particularizada. Como contraponto
tentarei trazer exemplos de outras sociedades, principalmente
coletivistas (ou holísticas), isto é, sociedades em que o todo
social, o coletivo impõe suas normas, aquelas em que o indivíduo só
se enxerga através da coletividade da qual ele faz parte. Geralmente
são sociedades tribais, simples (no sentido de sua estrutura
econômica).</span></span></span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> </span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Neste
texto abordarei as questões de sexo e tambèm de gênero e agora o
farei com maior esclarecimento do assunto, procurando demonstrar como
se elaborou e ainda se processa a definição, a apreensão e o
pertencimento de sexo em nossa sociedade: a Ocidental.</span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">
Porém, antes de falarmos de gênero, vamos primeiro esclarecer
alguns conceitos que o embasam: sexo, gênero, identidade, orientação
e comportamento sexual. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Sexo
(o atributo anatômico-biológico, não o ato) é um conjunto de
características anatômico-biológicas que são diferentes em homens
e mulheres e que os habilitam para a reprodução. Assim, temos
características primárias, que são o aparelho genital
conjuntamente com ovários e útero nas mulheres e testículos nos
homens e as secundárias, que são as hormonais. Por incrível que
pareça, a ideia de sexo como fator diferenciador é recente na
história da humanidade, datando do século XVII e XVIII. Este
pensamento surgiu a partir das descobertas científicas no campo da
medicina por meio dos estudos de anatomia através da dissecação de
cadáveres. Assim, o corpo de homens e mulheres começou a “ser
construído” até chegar aos dias de hoje mais ou menos como o
entendemos hoje. Acontece que, os cientistas lá da Revolução
Científica, não exatamente viram nisso novas descobertas. Pelo
contrário, seu “olhar científico, neutro e objetivo” vislumbrou
aquele corpo com um olhar carregado de uma cultura que colocava
homens e mulheres em posições diferentes, reforçando a milenar
relação assimétrica de poder entre os sexos.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> A
forma como um determinado grupo humano entende o sexo faz parte dos
códigos e simbologias inscritas em sua cultura, em uma visão
coletiva </span></span></span><span style="color: red;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">e
própria</span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">
de mundo. E isto se aprende das gerações anteriores. O novo sempre
olhamos com um certo olhar do passado. Por isso, por maiores e
avançadas que tenham sido as mudanças ocorridas nas últimas
décadas, ainda jogamos sobre o outro um olhar carregado de códigos
</span></span></span><span style="color: red;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">ultrapassados
e arcaicos</span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">.
</span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Na
pré-história, há milhares de anos atrás, (talvez atè hoje isso
persista culturalmente falando) o mundo se apresentava para os homens
carregado de </span></span></span><span style="color: red;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">simbologias
que eram acessadas por associações</span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">.
As diferenças entre homens e mulheres não eram percebidas somente
pela sua anatomia. A única diferença inquestionável era a
capacidade própria das mulheres de serem depositárias da vida já
que o homem era o portador dela através de seu sêmen. Por esta
característica, à mulher foram associadas uma série de
manifestações simbólicas da natureza, por exemplo, a fertilidade,
a umidade, a noite, o frio, as trevas, a obscuridade, o túmulo, a
casa, o privado. Como a apreensão do mundo se opera de forma binária
e relativa, ou seja, aos pares, comparativamente e por oposição, ao
homem foram imputadas características opostas: o seco, o dia, o
calor, o céu, a claridade, a rua, o público. </span></span></span><span style="color: maroon;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Um
detalhe importante a ser acrescentando é que, como muitos
antropólogos acreditam, a mente humana opere binariamente, ou seja,
percebe e constrói conceitos aos pares antagônicos. Assim teríamos
masculino/feminino, certo/errado, bem/mal, bonito/feio, em cima/em
baixo, seco/úmido, entre tantos. E estes conceitos básicos são
indissociáveis, pois só conseguimos pensá-los em referência ao
outro. O belo só existe porque temos a ideia do feio em comparação.
</span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Essas
simbologias eram perpetuadas por nossos ancestrais através de
mitologias, que eram estórias explicativas do mundo e que eram
revividas e vivificadas por meio de rituais. Assim, com o
desenvolvimento das primeiras civilizações, as diferenças foram se
acirrando, estabelecendo-se como “definitivas” e sendo
naturalizadas, isto é, tomadas como naturais. Por isso é que foi
reservado à mulher o espaço da casa, do privado e da família
enquanto ao homem cabia o domínio da rua, da política, dos
negócios. E em cima destas simbologias foram se operando as divisões
sociais entre homens e mulheres e foram se construindo e se
constituindo as diferenças de gênero. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Gênero
aqui entendido como a manifestação social pròpria das diferenças
comportamentais estabelecidas entre homens e mulheres de acordo com a
cultura em que estejam inseridos. Diferenças estas que ajudaram a
criar o mito da superioridade masculina sobre a mulher fazendo crer
que havia uma diferença de grau entre ambos. Portanto, foi se
estabelecendo uma relação assimétrica de poder entre homens e
mulheres, numa sociedade heteronormativa e androcêntrica. Ou seja,
onde as normas eram estabelecidas pelas e para as relações
heterossexuais com prevalência de poder e domínio do homem sobre a
mulher. Muito provavelmente a raiz do preconceito para com os
homossexuais masculinos está na ideia de que estes queriam ser como
mulheres, o que para um homem era inadmissível, sendo considerado um
rebaixamento, já que nesses tempos a percepção da diferença entre
homens e mulheres era de grau, não de natureza, isto é, a mulher
era tida como inferior ao homem. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Assim,
por consolidar a homens e mulheres uma série de características a
ele atribuídas, esperava-se de um e outro sexo/gênero, um
comportamento condizente com estas características socialmente
pré-estabelecidas. Ou seja, da mulher esperava-se uma certa
feminilidade, fragilidade, que fosse cordata e gentil, e do homem
esperava-se a masculinidade, a bravura, a coragem, que fosse
aguerrido e bravo. E com pequenas variações em suas manifestações
estes fenômenos foram perpetuando-se através dos séculos por meio
da educação das crianças e da forma como se impunha um
comportamento a elas por meio do uso de toda uma simbologia de
pertencimento de gênero. Então através de vestimentas, acessórios,
adornos, artefatos e brinquedos, cores, todos eles indicativos do
sexo ao qual pertencia a criança (ou se acreditava e queria que
pertencesse) e com o intuito de reforçar o pertencimento de gênero
da mesma em relação ao seu sexo. Isto se acirrou enormemente a
partir do século XIX quando a ideia de infância foi aperfeiçoada.
Qualquer alteração nessas características era vista com no mínimo
desconfiança até a total intolerância, variando conforme o lugar e
a época.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> E
para transformar e mudar essa sèrie de configuraçâo de
caracterìsticas è mister que se almeje uma mudança naquilo que
esperamos e entendemos como mercado de trabalho para mèdicos,
afinal, ainda e somente são os mèdicos os profissionais elencados
como avaliadores do comportamento humano, visto o grande poder que a
ciência ganhou em nossa sociedade e antes de eles de tornarem
profissionais da medicina, eles sâo sim, seres humanos e como tais,
propensos a uma sèrie de conceitos e prè-conceitos culturalmente
arraigados e estabelecidos a-priori, pois ainda sâo os médicos, e
somente eles, os profissionais encarregados de julgar e avaliar o
comportamento humano, como se fossem juìzes doutores da lei suprema,
quase deuses;</span></span></span></div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Assim
precisiarìamos compreender e entender que o saber da ciência e da
medicina não è absoluto e que cabem certas relativizações e não
seria o ùnico saber do universo devendo-se aceitar as sabedorias
nâo tradicionais, como exemplo cito o saber indigena-americano!</span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVV75CJd5uFBUka6HMNexK7rIJzpnz0hdieO94hK1YyDxJhVYxOA0sG4R2gLEDtvNQ3-1AFumkFvfts4ZA3DHkWF8E5Ft0mmF6rgWCJ6Ex-qwIAo_9vH_l1jHI5Osl7TprHcreMLEPuuU/s1600/identidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVV75CJd5uFBUka6HMNexK7rIJzpnz0hdieO94hK1YyDxJhVYxOA0sG4R2gLEDtvNQ3-1AFumkFvfts4ZA3DHkWF8E5Ft0mmF6rgWCJ6Ex-qwIAo_9vH_l1jHI5Osl7TprHcreMLEPuuU/s320/identidade.jpg" width="320" /></a></span></span></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRnrgsrcvS1kFrbwzb3-vA8RSS2HTJKGJwI2ZgAwkZ_4GzC0mnXHpHpCKlJ7jW6ncL_NmUPoAAQE3Nte_731RgY_Osek6-5DgMYmTzdsKzVBos1KxL_NY1M520dHYMBy0Gvhk3c9qwPv0/s1600/Martin_Van_Maele_-_La_Grande_Danse_macabre_des_vifs_-_21.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRnrgsrcvS1kFrbwzb3-vA8RSS2HTJKGJwI2ZgAwkZ_4GzC0mnXHpHpCKlJ7jW6ncL_NmUPoAAQE3Nte_731RgY_Osek6-5DgMYmTzdsKzVBos1KxL_NY1M520dHYMBy0Gvhk3c9qwPv0/s320/Martin_Van_Maele_-_La_Grande_Danse_macabre_des_vifs_-_21.jpg" width="228" /></a></span></span></span></div>
Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-79399988000656406092014-12-18T16:04:00.000-02:002014-12-18T16:04:07.610-02:00Sexo e Sexualidade<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Salve
Caríssimos!!!</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Neste
texto abordarei questões de sexo, sexualidade e gênero . Já
abordei o assunto aqui algumas vezes, em especial no post ABC das
Identidades, porém, tentarei agora o fazer com maior esclarecimento
do assunto, procurando demonstrar como se elaborou e ainda se
processa a definição de sexo, sexualidade e orientação sexual,
como se dá a apreensão dos fenômenos relativos à sexualidade e
seu desenvolvimento histórico no Ocidente, assim como, a formação
dos papéis sexuais em nossa sociedade, ou seja, a construção e o
desenvolvimento da ideia de gênero .<span style="color: black;"> Porém,
antes de falarmos do sexo, vamos primeiro esclarecer alguns conceitos
que o embasam. </span></span></span>
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Sexo
(o atributo físico, não o ato), para a Ciência, é um conjunto de
características anatomica-bio-fisiológicas que são diferentes em
homens e mulheres, nos diferenciando e nos definindo em macho e
fêmea, ou homem e mulher e que nos habilitam, principalmente, para a
reprodução. Assim, teríamos características, tidas como
primárias, tais como o aparelho genital, conjuntamente com ovários
e útero nas mulheres e pênis e testículos nos homens e também as
secundárias, tais como as hormonais. Por incrível que pareça, a
ideia de sexo biológico, como fator diferenciador de homens e
mulheres é recente na história da humanidade, datando do século
XVII e XVIII. Este pensamento surgiu a partir das descobertas
científicas no campo da medicina, após a revolução científica,
por meio dos estudos de anatomia, através da dissecação de
cadáveres. Assim, o corpo de homens e mulheres começou a “ser
construído”, “diferenciado” até chegar aos dias de hoje, mais
ou menos como o entendemos hoje, já que antes prevalecia a
explicação bíblica e adâmica, explicada no Gênesis, onde Deus
teria feito o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, lá no
velho testamento no livro da Bíblia. Acontece que, os cientistas, lá
da Revolução Científica, não exatamente viram nisso novas
descobertas. Pelo contrário, seu “olhar científico”, “neutro
e objetivo” vislumbrou aquele corpo, com um olhar carregado por uma
cultura que colocava homens e mulheres em posições antagônicas e
diferentes, reforçando a milenar e histórica relação assimétrica
de poder entre os sexos. Potencializada pelo olhar das culturas
cristâ ocidental, muçulmana e israelita, ainda muito presentes na
nascente cultura ocidental moderna, e já presente nas culturas
romana e grega, um certo olhar religioso. Assim, passaram a
compreender homens e mulheres através de uma relação de poder
entre os dois, com os homens numa supremacia garantida pelo olhar
cultural da história do homem até então. Ao se dissecarem os
corpos de homens e mulheres os “cientistas” de então apreenderam
os corpos de homens carregados por um certo poder e supremacia sobre
o corpo da fêmea, tendo o pênis fálico do corpo do homem um certo
poder sobre a vagina feminina. A preferência sexual de homens e
mulheres, sua orientação sexual, sempre foi diversificada, mas ao
mesmo tempo, preconceituadamente restrita á relação heterossexual,
entre homens e mulheres, influenciada por uma ideia principalmente
religiosa e cultural. Após isso, com o desenvolvimento da ciência,
da medicina moderna, a ideia de gênero sexual, num desenvolvimento
da questão social, comportamental de sexo começou a se orquestrada
e construída, principalmente com o surgimento da psicanálise, ou
psiquiatria, com Freud e outros no final do século XIX e início do
século XX, os ditos cientistas de então se valeram da mitologia
grega para cunhar e identificar termos e conceitos ligados á
sexualidade humana. Exemplo disso é o termo uranismo, de Uano, o
deus-céu, construído e idealizado por um ativista alemão chamado
de Ulrichs no ano de 1864, para designar um sujeito masculino som
psique feminina, emprestado da mitologia grega para designar homens
que sentem-se atraídos por indivíduos do mesmo sexo ou gênero
social, comportamental, O termo ajudou a construir o conceito de
transgênero e transexualidade, no século XX e que ainda são
vigentes. </span></span> </div>
Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-21221142259737583262013-01-24T16:38:00.001-02:002013-02-03T19:23:21.797-02:00Bases do Transformismo - Ocidente e Modenidade<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: x-small;">Salve
Caríssimos!!!</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: x-small;"> <span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">A
pesquisa que faço tem como foco específico fenômenos referentes à
nossa cultura, apesar de haver fenômenos semelhantes em outras
sociedades, como vimos na postagem sobre transgeneração. Por isso,
para maior esclarecimento, preciso delinear as bases que fomentaram a
arte transformista no Ocidente, no Brasil e em Porto Alegre. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: x-small;"> <span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Mas
qual cultura considero exatamente como nossa? Quando falo em uma
cultura nossa não o faço somente tendo como referência as
especificidades da cultura brasileira (ou as subculturas
brasileiras...). Mesmo porquê a cultura de nosso país não é
autóctone (original, nativa) e faz parte de um todo maior que
comunga muitos elementos culturais com outros países e regiões do
planeta que tiveram e/ou têm uma história comum ou que de alguma
estiveram ligadas ou em contato. Assim, quando falo em nossa cultura
também estou me referindo à Cultura Ocidental. </span></span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> O
Ocidente, para nós cientistas sociais e historiadores, não é
somente um lugar geográfico. É muito mais um lugar sociológico e
histórico onde se deram e ainda se dão acontecimentos
importantíssimos que condicionam(ram) nossas formas de ver, viver,
apreender e compreender o mundo. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> E
o que vem a ser a Cultura Ocidental? G</span><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">eralmente
a relacionamos a uma Europa industrializada e nórdica ou então a
algo que nos remeta aos Estados Unidos da América e o conjunto de
valores e formas de interpretar e ordenar o mundo proveniente desses
países. Entretanto, devemos estar atentos às raízes da Cultura
Ocidental. Lembrando das aulas de História, recordaremos facilmente
que o berço do Ocidente está na Grécia Antiga e no Império
Romano. Foram lá nestas duas civilizações antigas que nasceram as
bases de nossa cultura e que ainda nos são caras, tais como a razão,
a filosofia, o direito, a democracia, nossa forma de arte, dentre
outras. E alguns destes valores greco-romanos foram perpassando a
História e atingindo outros povos, através da expansão do Império
Romano e destes, depois da formação dos Estados Nacionais europeus,
vieram descambar nas Américas. Assim, em termos gerais, Europa
(países ao oeste) e Américas (do Norte)formariam o que chamamos de
Civilização Ocidental. Esta Civilização é formada por dois
troncos culturais distintos: uma germânica e outra latina. A
germânica influenciou países como Alemanha, Inglaterra, Holanda,
etc. A latina se configurou em países como França, Itália,
Portugal e Espanha, dentre outros.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;"> Acontece
que em sua formação e história, o tronco latino da Civilização
Ocidental recebeu muito mais influências do Oriente do que o
nórdico-germânico, através de um contato mais direto pelo comércio
no Mar Mediterrâneo, das invasões árabes, do Cristianismo que
congrega muitos elementos da religião Judaica e da cultura hebraica,
das Navegações Marítimas na Idade Moderna, etc. Muitas dessas
influências são oriundas da Ásia (Oriente Próximo) e do norte da
África. E entre estas influências, que aqui nos interessam, é
exatamente a forma como essas civilizações antigas lidavam com as
questões de gênero e que, nós brasileiros, herdamos através dos
portugueses, seja pelo viés ibérico, seja pelo viés
judaico-cristão (português, no nosso caso). Esta subdivisão da
Cultura Ocidental ajuda a explicar porque há diferenças na forma
que latino-americanos e habitantes da América anglo-saxônica lidam
com as questões de gênero e sexualidade, por exemplo.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;"> Assim,
ao colocar conceitos sobre sexo, gênero e identidade, o farei tendo
por base como essas questões foram construídas e se constituindo,
em termos gerais, dentro do que chamamos Civilização Ocidental e
na cultura brasileira de uma forma mais particularizada. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;"> Das
várias características que podemos agregar à atual cultura
ocidental estão a racionalidade de nosso pensamento, o uso e
desenvolvimento de um aparato tecnológico, a força da ciência, os
ideais democráticos, a defesa dos direitos humanos e as relações
de produção ancoradas num sistema econômico capitalista. Alguns
deles ainda são remanescentes dos ideias greco-romanos, outros
surgiram e foram ressiginificados a partir de nossa Modernidade.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> Aliás,
outra categoria de análise importante para apreciarmos a formação
e o desenvolvimento desses fenômenos de gênero é justamente a
Modernidade. E o que vem a ser a tal Modernidade?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;">Modernidade
é usada para nos referirmos à gênese, o desenvolvimento e a
consolidação de vários processos de ordem econômica, social e
cultural ocorridos desde o final da Idade Média até os dias atuais.
Teve início na Europa mas, atualmente, seus valores se impõem
culturalmente a quase totalidade do planeta. Começou com uma
gradativa ruptura dos valores tradicionais medievais por meio de um
resgate do ideário humanista da civilização greco-romana e da
também gradativa ascensão e imposição do ideário liberal
capitalista da classe burguesa. É difícil separarmos Modernidade e
Civilização Ocidental. E q</span><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">uais
são suas características? A civilização greco-romana se esfacelou
com a queda do Império e pelas invasões bárbaras, là pelos
sèculos V a VI . As populações deixaram as cidades e foram viver
nos campos, onde julgavam-se mais protegidas das hordas invasoras e
um dos objetivos era tomarem as cidades. Começava a Idade Mèdia,
com suas caracterìsticas arcaicas e prè-Modernas. A influência da
Igreja Catòlica ainda era muito grande e ela tinha uma influência
muito grande nas questôes de gêmero e da sexualidade. Sendo
considerado um desvio nessa ordem ou uma anomalia muito grande, quase
um pecado. Tida como uma època de trevas para a civilizaçâo
ocidental, o mundo ocidental esteve sob o jugo catòlico e qualquer
desvio da ordem sexual era tido como anormal e tratado, às vezes,
pela inquisiçâo medieval. A homossexulidade jà era muito comum,
porèm, ainda era muito restrita. O transformismo , como pràtica,
existia, porèm de forma rara, A transgenerâo, era muita rara, porèm
existia em alguns pontos isolados, como no Brasil como Luiz Mott jà
relatou. Alguns escritores e atè historiadores jà nos relataram
dezenas de casos de homossexuais e transgêneros dessa època da
història.</span></span><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Alguns casos tornaram-se atè famosos, como por exemplo, a amante do compositor Ferederic Chopin, por ser uma mulher e para tornar-se uma escritora e ser aceita como tal precisou vestir-se e comportar-se como um homem, chamada de George Sand, pois para mulheres certa atividades eram proibidas Por essa època (na
idade Mèdia) estes fatos eram atè muito comuns. AS dècadas e os
anos foram passando e chegamos, digamos, ao nascedouro da
modernidadde, A Revoluçâo Francesa e a consolidaçâo da Europa e
das Amèricas. A partir das Revoluçôes Francesa e Industrial o
mundo começou a tornar-se menor. A Ciência e a Medicina jà haviam
tido sua revoluçâo (sèculo XVII) e muito se desenvolveram a partir
de entâo influenciando muito as idèias a partir de entâo.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-54601121728871752352011-04-22T18:33:00.004-03:002011-04-23T12:45:18.358-03:00Bases da Arte Transformista 2 - Cultura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1hy_2GzMAXrS86bbnyK4HJQq43kgLxIuBmTxFtoF7EGcYGw1nDwW5wwRE5g7JJVpldMJ3XJnFoQWw5c_DQAIgZxPEp7Dp_8o26_dYcQwv_SgPdpeUDvSkEsQu4rBH1B5ADi8k_TXMQEQ/s1600/homem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1hy_2GzMAXrS86bbnyK4HJQq43kgLxIuBmTxFtoF7EGcYGw1nDwW5wwRE5g7JJVpldMJ3XJnFoQWw5c_DQAIgZxPEp7Dp_8o26_dYcQwv_SgPdpeUDvSkEsQu4rBH1B5ADi8k_TXMQEQ/s1600/homem.jpg" /></a></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;">Salve Caríssimos!!!</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Nossa! Quanto tempo estive fora do blogue!</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Não pensem que abandonei meu projeto. Pelo contrário! Estive envolvido profissionalmente com outras pesquisas e, na medida do possível, tentava me dedicar as leituras necessárias para um aprofundamento nas questões de gênero e da arte transformista. Achei isso necessário pelas tantas procuras que tive, através de meu e-mail, de estudantes das mais diferentes áreas interessados em diferentes aspectos relativos à arte transformista. E pelo fato dos leitores virem dos mais diferentes campos de estudo achei necessário apresentar conceitos mais gerais para um melhor entendimento. Principalmente aqueles mais relacionados às Ciências Sociais e, em especial, à Antropologia.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Assim, depois de ter ficado esse tempo sem postar nada, quando a última postagem foi a respeito das possibilidades de ocorrência de diferentes fenômenos de transgeneração em diversas culturas e épocas distintas, começo, agora, a publicar essa série de textos acerca de fatos e instituições que foram basais e propiciaram o desenvolvimento de vários fenômenos de transgeneração em nossa cultura, com o foco final, é claro, na arte transformista. Isso, ainda, antes de entrarmos com as biografias dos artistas aqui de Porto Alegre/RS.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Portanto, como um dos primeiros desta série de conceitos, falarei, entre outros, sobre o conceito de Cultura por ser a maneira como enxergo os processos de transgeneração e por ser a linha mestra, digamos assim, das minhas análises; apesar de tangenciar um pouco o propósito do blogue, pois, afinal, tanto a sexualidade quanto as identidades de gênero nada têm de naturais, são totalmente influenciadas pela cultura e, através dela, manifestadas. </span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Entretanto, deixo claro que as informações aqui colocadas sobre cultura e outros conceitos afins estão propositalmente simplificadas. Descreverei da forma mais básica possível a conceituação antropológica, pois, o conceito de cultura foi se aperfeiçoando, na medida em que a Antropologia é uma ciência e, como tal, passa a se processar em paradigmas e teorias, até mesmo para dar conta da complexificação das sociedades. Também procurarei escrever de forma clara, para que todos entendam, evitando o “antropologuês”.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Bom, antes de mais nada, é preciso que se fale da Antropologia. Que ciência é essa, afinal, e por que a utilizo em minhas análises?</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Bem, basicamente Antropologia pode ser definida, como uma ciência da área das humanas, próxima da História e da Economia, pertencente ao campo científico denominado de Ciências Sociais, portanto, "irmã” da Sociologia e da Ciência Política, que estuda o homem em sociedade, a humanidade em seu comportamento. Porém, não o comportamento do indivíduo como a Psicologia faz, e sim, o comportamento de grupos humanos, sejam eles de travestis, mulheres negras, comunidades urbanas, tribos indígenas, operários e camponeses, etc, ou então expressões do humano em eventos, como o carnaval, festas populares, religiosidade, ou ainda, os usos e apreensões do corpo, sexualidades, etc. A Antropologia divide-se em dois ramos: a Antropologia Física, que estuda o esqueleto humano e sua evolução biológica, portanto, próxima à Paleontologia, mais restrita à comunidade científica norte-americana e a Antropologia Social ou Cultural, afiliada a um paradigma europeu que separa Natureza e Cultura e que, desassociada da Biologia, tem como objeto questões sociais e culturais do Homo Sapiens-sapiens. No Brasil o campo científico da Antropologia filia-se ao paradigma europeu e é sobre esta Antropologia que tratarei, chamando-a, aqui, simplesmente de Antropologia.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Nasceu a Antropologia na segunda metade do século XIX, dentro do processo histórico conhecido como Imperialismo, a partir da necessidade das potências europeias, especialmente Inglaterra, França e Alemanha, de conheceram os povos que dominavam na África, Ásia e Oceania. Tendo como foco de estudo, inicialmente, os povos autóctones, ou os chamados nativos, atualmente ela se volta ao estudo da humanidade em geral. Hoje, o “nativo” tanto pode ser o indígena da Amazônia, um habitante de Copacabana, um punk ou, até mesmo, um torcedor de futebol. Superou seu passado a serviço da dominação e, por muitas vezes, presta-se ao estudo e reconhecimento dos direitos das minorias.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Mesmo sendo o/a Homem/Mulher uma unidade biológica em toda sua diversidade étnico-racial, o comportamento humano expressa-se em uma enorme variabilidade. Por isso um dos focos da Antropologia é justamente a alteridade (do latim </span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>alter</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> = outro), isto é, o outro e sua diferença em relação ao “nós”. E é justamente no estranhamento dessa diferença que começa “o fazer antropológico”. O reconhecimento e o estudo do “outro” e suas especificidades. Especificidades estas dadas pela cultura.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> A forma como um antropólogo trabalha é chamada de etnografia, que consiste, basicamente, de trabalho de campo (visita ao seu “objeto” de estudo) com observação participante, quando o pesquisador faz observações das realidades e subjetividades locais, segundo as teorias antropológicas, anotando em seu diário de campo e complementando com entrevistas semi-dirigidas, narrativas e histórias de vida.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> A Antropologia (</span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>Anthropos</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> = homem / </span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>logos</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> = razão), difere-se de outras ciências justamente por ter como objeto de estudo aquilo que é próprio do Homem/Mulher e nos diferencia de outros animais: a Cultura. Sim, é a cultura que nos faz “animais ditos superiores” e não a racionalidade como muitos ainda supõem. Alguns animais conseguem formar sociedades, chegam a utilizar artefatos e modificam o ambiente à sua volta. Mas o ser humano é o único que dá significado e transforma aquilo que produz. Isto é Cultura.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnsmDh4QO5LaSjvgNPXa1F659ZYv1wycHdqQEqMfccl0JPKDiLzcRgyMq1JLTCtqE4X0lmGOMPB-j0RmBDgZRkFcVeniVwp2gkg-kwEyZEf08YQkW_ziQbgIgpRLGgUHUpIrhtt12eQ1M/s1600/prehist%25C3%25B3ria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnsmDh4QO5LaSjvgNPXa1F659ZYv1wycHdqQEqMfccl0JPKDiLzcRgyMq1JLTCtqE4X0lmGOMPB-j0RmBDgZRkFcVeniVwp2gkg-kwEyZEf08YQkW_ziQbgIgpRLGgUHUpIrhtt12eQ1M/s1600/prehist%25C3%25B3ria.jpg" /></a></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-small;"> <span style="font-size: small;">Cultura geralmente é entendida no senso comum de duas maneiras: formas artísticas institucionalizadas e reconhecidas da expressão de um povo (muitas vezes interpretada como o aparato expressivo de uma elite erudita em contraposição ao folclore, típico do povo) e, também, como o nível e grau de ilustração e conhecimento acumulado de um indivíduo. De certa forma, nenhum dos dois conceitos estão errados, apesar de haver consequências subjetivas negativas pelo uso desses conceitos e não é intenção minha, aqui, me aprofundar nessas questões. Contudo, para nós, cientistas sociais, principalmente antropólogos, estudantes da Cultura por excelência e essência profissional, o sentido do termo é muito mais abrangente e complexo. </span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> A palavra Cultura e sua conceituação começaram a ser desenhadas no século XVIII. Pensadores alemães utilizavam a palavra </span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>Kultur</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade. Já os franceses utilizavam a palavra </span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>Civilization</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> quando referiam-se às realizações materiais de um povo. No final do século XIX, um antropólogo britânico, Edward Tylor (1832-1917) criou a palavra inglesa </span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><i>Culture</i></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"><span style="font-style: normal;"> e, consequentemente, o primeiro conceito de Cultura,</span></span><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> numa espécie de síntese das duas outras palavras e suas respectivas ideias. Porém, durante muito tempo, cultura foi sinônimo de civilização, progresso, desenvolvimento e comportamento “refinado”, típico de uma elite. Por isso, ainda hoje, muitos ainda falam em cultura erudita e cultura popular, hierarquizando-as numa relação desigual.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Cultura, no sentido científico, é uma categoria intelectual de análise de dada sociedade, povo, comunidade ou coletivo humano. Refere-se a uma rede ou teia de códigos compartilhados através da qual as pessoas de um dado grupo sentem, veem, pensam, (re)significam, interpretam, ordenam, classificam, reproduzem e modificam o mundo e a si mesmas. Essa rede compartilhada no e pelo coletivo é repassada dentro de uma mesma geração ou através de várias por meio das relações sociais, da educação, da socialização e/ou da endoculturação, de forma dinâmica, não-estática e, portanto, sujeita aos processos da História, ao tempo. </span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Complexo? Simplificando: cultura pode ser definida em termos gerais como o conjunto de leis, valores, crenças, comportamentos e hábitos, usos e costumes e produção material e simbólica (técnica, trabalho, artes, linguagem, etc) de um determinado povo ou agrupamento humano. </span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> No final do século XIX e primeiras décadas do XX, os cientistas acreditavam que fatores biológicos e geográficos eram determinantes na cultura. Hoje, sabemos que em nenhum momento a geografia do lugar em que o homem vive ou nasce, assim como as características próprias da espécie herdadas geneticamente, não determinam o comportamento. Assim nos parece falacioso falarmos que o brasileiro, pelo simples fato de ter nascido na região conhecida por Brasil, é um povo trabalhador ou que aqui houve intensa miscigenação racial por causa do clima tropical e que o contato sexual entre brancos, índias e negras foi propiciado pelo sol dos trópicos. Outra falácia é aquela propagada por muitos que escrevem ou comentam sobre o comportamento de homens e mulheres como algo do tipo: “mulheres são de Vênus e homens são de Marte”, ou que mulheres teriam uma noção mais espacial que os homens, ou ainda, que seriam mais ciumentas. Diferenças de comportamento entre os sexos ou lugar de nascimento devem-se à caraterísticas culturais e não ao seu aparato biológico.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYPSPcGMJA_SKKIO-izx42G_mQCWWhGdJxJfuTsn9t04gaC_Fx0l0xhxEkSsjnQ6HkXrnZePt0euf_Tv-uUCBMtbIqqU4e0YQkHrZiCSV1n9bUViu0GCTy5ODWzzsh28EW3mjY_yT0GJs/s1600/homosapiens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYPSPcGMJA_SKKIO-izx42G_mQCWWhGdJxJfuTsn9t04gaC_Fx0l0xhxEkSsjnQ6HkXrnZePt0euf_Tv-uUCBMtbIqqU4e0YQkHrZiCSV1n9bUViu0GCTy5ODWzzsh28EW3mjY_yT0GJs/s320/homosapiens.jpg" width="320" /></a></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-small;"> <span style="font-size: small;">Outro conceito importante dentro da Antropologia é o de Relativização. Pesquisadores ocidentais ao estudarem diversas sociedades em épocas e lugares variados puderam perceber a enorme diversidade de costumes e crenças dentre os povos do planeta. E a maioria desses costumes eram completamente diferentes dos seus. Assim, não compreendiam essas diferenças e agiam preconceituosamente em relação a esses povos. Isso se devia a crença de que nossa cultura ocidental era, em si, “A Cultura” do Homem e de toda a Humanidade, o estágio evolutivo final de toda e qualquer cultura, ou seja, índios e aborígenes um dia seriam e viveriam como nós, como se eles fossem, na verdade, um reflexo de nosso passado de “civilizados” parados no tempo. </span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Nos princípios da Antropologia, pesquisadores europeus, chamados evolucionistas, pesquisavam em lugares onde ainda houvesse culturas “originais”, autóctones e pensavam a cultura como “algo” que ascendia linearmente. Classificavam os povos em selvagens, bárbaros e civilizados com base no grau de desenvolvimento de seu aparato técnico. A visão de que o desenvolvimento de uma sociedade está dado em seu aparelhamento técnico-científico é algo bem próprio do pensamento ocidental. Porém, desde as primeiras décadas do século XX esse pensamento vem sendo contestado e hoje é negado. E atualmente, quando falamos em evolução humana, nos referimos à questões mais biológicas da espécie. Quando os pesquisadores e antropólogos passaram a compreender que sua cultura não é absoluta ou universal, nem superior às outras, concebeu-se o que denominamos de Relativização. </span> </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> Relativizar, portanto, é colocar dois conceitos numa relação horizontal e equipará-los. Significa compreendermos, por exemplo, que não existe UMA verdade, mas várias e que “minha” verdade pode ser diferente da de outro. Quando passamos a compreender melhor este conceito e assimilá-lo em nossos pensamentos, apreensões de mundo e colocações a tendência é que nosso preconceito em relação à diversidade e a alteridade diminua.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4rYUV3QyFV5eJ7DFxjVVL7U5zw8VNrfyOxakk1mXFTMj0WLa5BzyzqYANfU3kysHTP9LhNhBfrTO0KO1EZnzhMSSYSZq0xjJnkGt7jOdnE3EZNmZ9VujW-twa7ma3ab0hJXTvWDjfIto/s1600/trans.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4rYUV3QyFV5eJ7DFxjVVL7U5zw8VNrfyOxakk1mXFTMj0WLa5BzyzqYANfU3kysHTP9LhNhBfrTO0KO1EZnzhMSSYSZq0xjJnkGt7jOdnE3EZNmZ9VujW-twa7ma3ab0hJXTvWDjfIto/s320/trans.jpg" width="263" /></a></div><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-small;"> <span style="font-size: small;">Colado ao conceito de relativização vem outro importante para pensarmos a questão da alteridade. Trata-se da ideia de Etnocentrismo, que seria a tendência a olharmos o outro e o diferente através do olhar de nossa própria cultura, percebendo, compreendendo e julgando-o segundo valores e princípios de nosso sistema cultural. A Cultura, às vezes, funciona como as lentes de um óculos, permitindo, ou não, que enxerguemos o que está à nossa frente. Quando culturas muito diferentes estão em relação, o etnocentrismo se evidencia em choque cultural e podemos ficar, muitas vezes, horrorizados com as diferenças entre as culturas dos povos. Mas quando o choque se dá dentro de nossa própria cultura? Isso pode acontecer em culturas como a nossa, numa sociedade complexa, onde convivem diversas subculturas e que também pode estar influenciada por culturas “alienígenas” ou estranhas a ela, formando, o que chamei inicialmente, de teia ou rede complexa de códigos compartilhados. Só que muitas vezes, esse compartilhamento de códigos se dá de forma “invisível”, não estando explícito a totalidade de determinada sociedade, fazendo com que a lógica de comportamentos de alguns grupos seja desconhecida ou muito estranha a outros, podendo gerar, assim, o preconceito.</span></span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: maroon; font-size: small;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Por isso que muitas vezes é insuficiente combater o preconceito de um indivíduo apenas. É importante lutarmos contra todo um sistema cultural que impõe valores e visões de mundo que vão de encontro às minorias. E não é uma tarefa fácil. A cultura age coercitivamente na mentalidade das pessoas, isto é, os sujeitos, desde a infância, internalizam a forma de pensar dominante em seu coletivo. Por isso encontramos, entre os gays, formas de pensar e visões de mundo que vão de encontro à própria realidade homossexual, já que gays são educados dentro de uma cultura heteronormativa, isto é, com normas próprias das<span style="font-family: Georgia,serif;"> relações heterossexuais.</span></span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif; font-size: small;"> O conceito de cultura é importante ser explanado para deixar claro como se processam os fenômenos de transgeneração e o quanto estes estiveram influenciados por uma cultura homossexual, no caso brasileiro. Defendo, por meio de minhas análises, que a arte transformista só pôde surgir, nas cidades brasileiras, em função de uma realidade de gueto a que os homossexuais estavam submetidos até os anos de 1990. Confinados e restritos a poucos espaços de sociabilidade, gays, lésbicas e travestis desenvolveram um complexo sistema social e cultural de relações dentro do que chamamos de cultura urbana e que com esta compartilhava muitos aspectos, porém, pela comunidade homossexual ressignificados. Um desses aspectos, é justamente, a arte transformista, um microcosmos do mundo do glamour dos palcos e do cinema que parece ter dado liga a uma identidade homossexual durante o século XX.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: maroon; font-size: small;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Agora que o conceito de cultura está brevemente explanado, passo, nas próximas postagens, a tratar das noções mais específicas de nossa cultura no que concerne à sexualidade e aos gêneros.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1SV0Tf4a6ChZpyp2lCGd0sRaglxkLGwSWH6WC3FWosaVshmM0FAMYVqpQ7WRhb3S-WiazjJL87HJLVK54IEUrFCTk09uwLN0dlZDW6VWycnSDfa9i3PaGscNe5_O2vTrmK-KF1G0vtKw/s1600/tarsila+abapuru.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1SV0Tf4a6ChZpyp2lCGd0sRaglxkLGwSWH6WC3FWosaVshmM0FAMYVqpQ7WRhb3S-WiazjJL87HJLVK54IEUrFCTk09uwLN0dlZDW6VWycnSDfa9i3PaGscNe5_O2vTrmK-KF1G0vtKw/s320/tarsila+abapuru.jpg" width="275" /></a></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-74362232150518222812009-11-23T19:55:00.007-02:002011-02-26T02:01:18.645-03:00Bases da Arte Transformista 1 - Transgeneração<o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiglpNGpgVXV0FkMZtcX2Z2Zt4zehwQjHfaD7ZVbFt6jiQbqQqyXHGuybt0hmCyo5RNIEEkWlFO4aje_f6ih9mgumNURnOreG-jiW9QN3qdEDwFTzAmhVgf9zzOXqwg9WJ2WC6vK1_PVMQ/s1600/berdache.art.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiglpNGpgVXV0FkMZtcX2Z2Zt4zehwQjHfaD7ZVbFt6jiQbqQqyXHGuybt0hmCyo5RNIEEkWlFO4aje_f6ih9mgumNURnOreG-jiW9QN3qdEDwFTzAmhVgf9zzOXqwg9WJ2WC6vK1_PVMQ/s640/berdache.art.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Salve Caríssimos!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Bom, falar em história do transformismo é algo bastante complexo. Não há uma história universal do transformismo que seja comum a todos os povos e culturas que já existiram sobre a face da terra. Não há uma linha histórica que comporte um encadeamento de fatos numa dinâmica evolutiva e que poderiam nos conduzir à contemporaneidade do fenômeno. Mesmo porque, cada contexto cultural e histórico produziu transformismos e outros fenômenos transgêneros com qualidades e características diferentes. E, portanto, fica difícil definir exatamente o que é transformismo. O fenômeno que se processa atualmente, desde a primeira metade do século passado é mais fácil para nós contextualizá-lo. Mas e outros casos em outras épocas? Poderão ser chamados de transformismo? O conhecimento que se tem acerca do assunto ainda é pouco. Até mesmo porque, o que existe na verdade é um conjunto de elementos culturais e históricos constitutivos do transformismo que se manifestavam isoladamente até o século XIX não havendo necessariamente uma ligação entre eles e que, somente no século XX é que esse conjunto de coisas pôde se reunir possibilitando a gênese do fenômeno. Esses elementos são: os vários fenômenos de transgeneração surgidos em nossa cultura e em outras, o teatro e os rituais de transgressão e inversão de papéis e status, a indústria cultural de massas e a homocultura que se estabeleceu num desenvolvimento urbano no final do século XIX. Assim, nestes próximos textos vamos falar resumidamente de vários fenômenos de transgeneração para que possamos entender melhor a transgeneração de uma maneira geral e o transformismo de modo mais particular. Para poder entender melhor o transformismo na Cultura Ocidental precisamos entender melhor os fenômenos transgêneros, de que maneira eles podem vir a surgir e que características eles podem assumir. Os outros assuntos eu abordarei em postagens separadas. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Bom, para começarmos é bom frisar que o termo transgênero surgiu recentemente nos estudos científicos e acadêmicos dos anos 90 e tem servido como um grande guardachuva conceitual abrigando uma grande quantidade de fenômenos de “transgressão” de identidades de gênero, isto é, aquelas identidades de gênero que estariam dissociadas da identidade sexual, inata e, portanto, “natural”. Considera-se como transgêneros os fenômenos de travestis, transexuais, transformistas, drag queens e crossdressers.<span style="color: red;"> <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">A palavra ainda não foi totalmente aceita e assimilada por considerar como critério de análise este conceito amplificado baseado apenas nessa tal “transgressão” de identidades e não estaria considerando, por exemplo, as questões políticas. Por isso, transexuais e travestis não se sentem exatamente qualificadas como transgêneros pelo fato desta palavra lhes retirar sua visibilidade política necessária na luta contra o preconceito, colocando-as lado a lado com transformistas e drag queens que não teriam as mesmas necessidades. Por isso a sigla do movimento homossexual ganhou 03 (três) “T”: LGBTTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros). <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">A partir de agora citarei alguns exemplos de fenômenos que chamarei de transgêneros exatamente porque estarei usando este critério único de análise. Isto é proposital, pois assim, ao trazê-los à tona, posso incentivar a crítica e a discussão e também uma nova forma de pensar e ver o fenômeno. São casos que aconteceram ou acontecem em sociedades tidas como simples, tradicionais e, portanto, sofrem uma influência cultural coercitiva muito maior que em uma sociedade industrializada, moderna e individualizada. A apreensão dos significados e simbologias culturais se dá em outro nível passando pelo coletivo, pelo todo da sociedade, ou seja, não se trata, exatamente de escolhas individuais. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Houve uma tribo indígena no interior do Paraguai, os guaiaqui, que estruturava seus papéis sociais e sexuais dicotomicamente. E isto era simbolizado por meio de seus principais instrumentos de trabalho: o arco e o cesto, já que a divisão do trabalho era dada sexualmente. Aos homens, que eram caçadores, lhes era imputado o uso do arco. Às mulheres, coletoras de frutas e raízes, lhes competia o manuseio do cesto. O uso e até mesmo tocar no instrumento pertencente ao sexo oposto era proibido. Isto funcionava mais ou menos como o carrinho e a boneca com as crianças de nossa cultura. Um antropólogo nos relata dois casos de homens guaiaqui que não podiam caçar. O primeiro, chamado Chachu não possuía um arco e não sabia caçar. Era viúvo e não conseguia esposas porque não possuía arco. Como não tinha arco não podia acompanhar os outros homens da tribo, portanto, precisou pegar um cesto e acompanhar as mulheres. Por causa disso era motivo de deboche e chacota entre todos na tribo, inclusive as crianças, chegando a perder o respeito. O segundo caso, do índio Krembéji, aconteceu de forma diferente. Krembéji também não possuía arco e por isso não podia estar entre os homens. Como trata-se de uma sociedade indígena e portanto estruturada coletivamente, não havendo espaço para a escolha individual, Krembéji também juntou-se às mulheres e pegou no cesto, porém, deixou os cabelos crescerem e passou a deitar-se com outros homens da aldeia num papel sexual passivo, isto é, para eles, transformou-se numa mulher. Os homens que o procuravam nem por isso eram considerados menos homens. Porém, Chachu, o outro membro da tribo que perdeu seu arco, este sim, era considerado menos homem, enquanto Krembéji era tratado como uma mulher, nem melhor nem pior que as outras. Coisa que talvez não acontecesse se ele manifestasse o desejo de ser ativo sexualmente mesmo que se comportasse socialmente como uma mulher.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Outro caso bem interessante para o fenômeno da transgeneração são as berdaches, integrantes de tribos indígenas da América do Norte. As berdaches são sujeitos, homens e mulheres, que dissociam os papéis sexuais dos papéis sociais de gênero. Relatos de viajantes e missionários que percorreram as regiões que hoje compõem os Estados Unidos e o Canadá contam o quanto essas berdaches eram valorizadas em suas sociedades. Às mulheres que se transformavam em homens lhes eram atribuídas força e destreza na caça genuínas; e os homens que viravam mulheres eram valorizados por sua beleza e graça. A importância dessas berdaches era tamanha que lhes creditavam o poder da cura e da profecia. Algumas viravam inclusive xamãs, espécie de mistura de guia espiritual e médico e que eram altamente valorizadas entre os membros da tribo. Infelizmente com a chegada do colonizador branco, a prática foi totalmente proibida e as berdaches, quando não eram simplesmente assassinadas, eram proibidas de manifestarem-se vestidas como o sexo oposto.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4wOyEkCEFCoyXEGROUTvOzaPDJ2wgxyldbkXJgMLM-oMx0ohMVSKdP-sUgzWembVuocreQE2ylfn8FiJxtwWJRELdTlWBJjRjJu0j-sg6wSzqn1D77SjafoFKcnyBGJBhIxd4b0i4ajs/s1600/berdache.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4wOyEkCEFCoyXEGROUTvOzaPDJ2wgxyldbkXJgMLM-oMx0ohMVSKdP-sUgzWembVuocreQE2ylfn8FiJxtwWJRELdTlWBJjRjJu0j-sg6wSzqn1D77SjafoFKcnyBGJBhIxd4b0i4ajs/s400/berdache.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;"></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Outra manifestação de transgeneração são as hijiras na Índia e também <st1:personname productid="em Bangladesh. N ̄o" w:st="on">em Bangladesh. Não</st1:personname> se sabe muito sobre elas no Ocidente. Sabe-se que são homens que vestem-se como mulheres, porém são consideradas como um terceiro sexo. Algo como os transexuais aqui no Ocidente, mas sem haver a vaginoplastia, apenas a castração. A maioria não tem nem seios. No entanto, são indivíduos bastante respeitados, tendo o mesmo status que os idosos tem nesses países, ou seja, de pessoas respeitadas e experientes sendo considerados tão especiais que lhes pedem bênçãos em cerimônias festivas rituais, como batizados e casamentos. O curioso é que é em troca de dinheiro que se dão essas bênçãos. E assim é a forma que as hijiras sobrevivem na Índia. Curioso, não? A forma “encontrada” culturalmente para acomodá-las num mercado de trabalho! Elas prestam homenagem a uma deusa hermafrodita chamada Bahuchara Mata que pode lhes exigir, segundo a sua crença, que mantenham o celibato. Vale lembrar que não há relação com a homossexualidade, pois muitos são homens impotentes que por vergonha de não poderem procriar preferem tornar-se hijiras. Elas vivem e andam sempre em grupos. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc1ridztn8QCd_DnwUbp0i7VGAFy3us0mL0mH9Bl7vx1VoYLw8hDU44KKNASq0NfQKRUMe4sxmjjiLjSQ8ongr9x6KStVox9BUExgyBabPkyrXk0LTsI5dPeKx9QoTDe4YK2I0y85jWAA/s1600/hijiras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc1ridztn8QCd_DnwUbp0i7VGAFy3us0mL0mH9Bl7vx1VoYLw8hDU44KKNASq0NfQKRUMe4sxmjjiLjSQ8ongr9x6KStVox9BUExgyBabPkyrXk0LTsI5dPeKx9QoTDe4YK2I0y85jWAA/s640/hijiras.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Aqui, no Brasil indígena, précolonial, nas tribos tupinambás, houve o fenômeno das tibiras, que eram os homossexuais masculinos, e que por serem homossexuais deviam comportar-se como mulheres; e havia também as çacoaimbaeguiras, as homossexuais femininas que comportavam-se como homens e, nos dizem relatos da época, que elas seriam as famosas guerreiras amazonas. Estes dois fenômenos também eram considerados especiais entre os indígenas, eram tidos como abençoados pelos deuses porque possuíam as almas dos dois sexos no mesmo corpo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Estes exemplos de casos só nos mostram o quanto as sociedades humanas encontram formas muito variadas de lidar com a sexualidade e com os papéis tanto sexuais quanto sociais de gênero. Assim como nos mostram que não há vínculo direto da homossexualidade com os papéis sexuais e da transgeneração com os papéis sociais. No primeiro exemplo, dos índios guaiaqui, o papel da mulher é tão importante quanto o do homem, por isso não foi nenhuma desonra para Krembéji tornar-se uma mulher. O problema seria ele não se enquadrar no binário masculino/feminino, como aconteceu com o outro índio, Chachu, que não se tornou nem um homem nem uma mulher. Entre os índios norte-americanos e brasileiros também não havia problemas em se portarem como se fossem do outro sexo, desde que se enquadrassem no esquema binário de gênero. Já entre as hijiras pôde haver uma saída à condição binária talvez porque a sociedade indiana não esteja tão alicerçada assim num modelo binário. E também porque a espiritualidade hindu seja mais leve e livre. O terceiro sexo pode ser entendido como um karma.<span style="color: red;"> <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Georgia;">Em relação à prática social da dissociação de gênero e sexo, ou transgeneração, o que podemos afirmar é que este fenômeno se manifestou em muitas culturas que já existiram além das que atualmente existem. O que vai influenciar seu surgimento, sua dinâmica, relevância e forma de ser conduzida e interpretada dentro de quaisquer sociedades é o contexto social e cultural em que este fenômeno se insere, a forma como esta sociedade estrutura seus papéis sexuais e sociais e a forma como são simbolizados esses mesmos papéis.<o:p></o:p></span></div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-33806769379480064832009-08-19T23:02:00.014-03:002010-12-20T17:47:56.617-02:00Arte Transformista<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht2FoMY_iVlr6yhlnVGBYwHTeGDutKHB99XCq_TZcgt8Lid2J9cZNZqIsu4bnOXbVgDljQ8cWZKNb7iVRNozq9IiQVpqENVOY2pHcqr0IZumnQEbHrbS9ENv1yHmIBveVmz0JrnMepYMU/s1600-h/Artista+transformista.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5371866982402518866" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht2FoMY_iVlr6yhlnVGBYwHTeGDutKHB99XCq_TZcgt8Lid2J9cZNZqIsu4bnOXbVgDljQ8cWZKNb7iVRNozq9IiQVpqENVOY2pHcqr0IZumnQEbHrbS9ENv1yHmIBveVmz0JrnMepYMU/s400/Artista+transformista.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 184px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
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<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Georgia; panose-1:2 4 5 2 5 4 5 2 3 3; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 0 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:none; mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.25pt 841.85pt; margin:70.85pt 72.0pt 70.85pt 72.0pt; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"> Salve Caríssimos!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"> Venho falando aqui, neste espaço, do transformismo, assim como dos transformistas. Mas o que vem a ser exatamente o transformismo? Será que o transformista pode ser considerado um artista? Será que podemos chamar o transformismo de arte? Não será, somente, uma combinação de várias técnicas? Não seria, afinal, apenas mera imitação?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"> Pesquisando na internet, pude constatar que pouco se coloca no ar algo sobre o assunto. Pelo menos algo que se possa, digamos assim, extrair uma definição mais precisa, mesmo que breve, a respeito do tema neste blog tratado. Dê uma “googada” com a palavra transformismo e verá a quantidade de coisas diferentes que podem aparecer. Desde teorias da genética até conceitos da ciência política, passando por leis da matemática e até, pasmem, lendas medievais de lobisomens e vampiros, além de shows de mágica, onde uma mulher troca de roupas num piscar de olhos. Mas show ou espetáculo transformista, muito pouco, quase nada. Em compensação se "googar" com a palavra travestismo, aí aparece muita coisa, porém confusas.<br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"> Antes de qualquer coisa, é bom começarmos, então, por esclarecer o que, aqui, nos interessa. Poderemos entender melhor a questão se a analisarmos por dois pontos de vista. Somente tendo <i>a priori</i> a idéia das duas dimensões do fenômeno é que poderemos analisá-lo melhor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Em primeiro lugar, o transformismo pode ser reconhecido como uma das práticas sociais de transgeneração, isto é, uma transcendência e/ou uma transgressão das categorias de gênero, quando alguém que, reconhecido como pertencente a um sexo biológico (homem ou mulher), representa por razões diversas e em circunstâncias variadas um papel social diferente. É o simples ato de alguém transitar e “brincar” entre identidades polarizadas e historicamente estabelecidas como modelo para nosso padrão de convivência, assumindo e representando, então, <i>personas</i> diferentes. Atualmente, o termo transformista serve para definir um padrão específico de comportamento transgênero; de uma categoria de sujeitos que não utilizam a transgeneração em seu dia-a-dia, mas somente em eventos específicos, tais como performances artísticas e concursos de beleza transformista (mais detalhes no post ABC das Sexualidades). Se olharmos a questão somente sob este aspecto a compreenderemos apenas como uma simples prática de indivíduos de um determinado sexo que se portam como se do outro sexo fossem, por meio de uma transformação ou, às vezes, uma indefinição, ou ainda, uma ambivalência dos gêneros masculino e feminino. Se olharmos por este aspecto único, acabaremos por compreender erroneamente o fenômeno, dando margem a uma compreensão estereotipada e reducionista. Muito provavelmente olhar a questão por este único ângulo é que permite a nossa sociedade confundir toda uma série de fenômenos atuais e “colocá-los sob o mesmo grande guarda-chuva conceitual”. Tanto que a palavra transgênero, ainda não dicionarizada no português, e que serviria para abarcar todos os fenômenos <i>trans</i>, como travestis, transexuais, crossdressers, drags e transformistas, encontra certa resistência por parte desses coletivos por não dar conta das especificidades identitárias de cada grupo sociopolítico.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Em segundo lugar, o transformismo deve ser analisado também como uma prática histórica, artística e performatizada de alguém que se utiliza da transgeneração como suporte para essa mesma prática artística. É o famoso show transformista, que tem suas raízes no fazer teatral, numa <i>homocultura</i>, na cultura de massas e sua indústria cultural e na prática social <i>trans</i>. De maneira genérica, compreende os concursos de beleza, os shows ou atividades artísticas de palco, realizadas por transformistas, drag-queens, artistas travestis e performers. Há uma imitação e uma interpretação performatizada de uma determinada personalidade ou personagem, geralmente cantoras e grandes estrelas do cinema. Atualmente estão dizendo que certos transformistas e drag-queens andam fazendo também o <i>Stand Up Comedy</i>, um tipo de show cômico com o artista parado no palco utilizando-se de um texto engraçado recheado de piadas para se apresentar ao invés da dublagem. Há muito tempo artistas transformistas fazem este tipo de atividade artística juntamente com a dublagem. Agora o nome americanizado foi incorporado por estar na moda.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Assim, é essa segunda dimensão, de aspecto artístico, que nos possibilita, também, descolarmos o transformismo de uma categoria “maior”, mais abrangente e, portanto, reducionista, de um ato de transgeneração e interpretar o fato por um viés mais aprofundado, específico, de uma categoria que tenta se auto-definir em termos identitários, nos permitindo, então, perceber o leque de identidades aí imbricado. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Bem... Vamos compreender melhor esta segunda dimensão e seu caráter artístico. Comecemos pela imitação. Transformismo é imitação sim. Observação, e imitação. Mas, muito mais que isso, também é interpretação. O transformista empresta sua carga emocional e ressignifica a obra apresentada. Dá sua “cara”, sua leitura, uma nova roupagem. Por isso também é considerado um ator. Tanto o ator convencional quanto o ator transformista emprestam seu corpo ao personagem, porém, o transformista é um ator um tanto diferenciado, que não interpreta um novo personagem a cada texto, mas sim, um ator que “incorpora” uma única <i>persona</i> que se manifesta em várias. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">É mais uma das várias modalidades do fazer artístico; uma entre tantas de uma grande área da interpretação e que congrega diferentes e variadas formas de interpretar e diversas linguagens artísticas. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">A arte transformista nasceu nos teatros, mas se confinou a determinados espaços de atuação e esteve por um tempo restrita aos meios de sociabilidade gays. No entanto, este fato vem se modificando, com atores transformistas voltando à raiz da arte e sendo reconhecidos por seu trabalho no teatro, sendo descaracterizados como “meros” atores-transformistas e reconhecidos simplesmente como “atores”, apesar de haver um certo preconceito ainda na classe teatral. Posso citar dois exemplos: Rogéria no Rio de Janeiro e Dandara Rangel, aqui <st1:personname productid="em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname>, que ganharam importantes prêmios de teatro com seu trabalho transformista. Isto é, Rogéria ganhou o prêmio como Rogéria, não como Astolfo e Dandara Rangel como Dandara, não como Jair. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Por questões sociais e históricas e sua confinação a espaços restritos, a manifestação da arte transformista tornou-se, de certa forma, mais diferenciada de sua raiz teatral, ligando-se, então, mais à música e à dublagem do que à atuação propriamente dita. Isto ocorreu também por ter se desenvolvido inicialmente junto ao Teatro de Revista que era extremamente musicado e coreografado (em outros posts darei mais detalhes históricos a respeito). Assim, acabou se configurando no que entendemos, hoje, por show transformista. Que deve ser considerado um fenômeno datado, social e historicamente construído e pode ser compreendido artisticamente diferenciado de sua matriz teatral. É um fenômeno que se construiu ao longo dos séculos, mas que teve seu aperfeiçoamento no século XX, se desenvolvendo entre os anos 20 e 60 e obtendo seu apogeu entre as décadas de 70 até o início de 90. O que antes era entendido como uma prática sociocultural de homossexuais, travestis e “invertidos” foi se desdobrando em novas e diferentes práticas identitárias que foram se atomizando e se multiplicando em seu seio. Assim, de uma categoria genérica comum, a de travestis que fazem show, passou-se à miríade de tipos de artistas que circulam no espaço artístico: os transformistas propriamente ditos, os artistas <i>covers</i>, as <i>drag-queens</i>, as artistas travestis, as caricatas, as <i>top-drags</i>, os performers, etc.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">Assim, o show de transformismo, atualmente, se realiza por meio de uma combinação de técnicas variadas. Estas técnicas se dividem em três categorias: a dublagem (ou outra técnica artística possível), a performance e a produção visual. Sem estes três quesitos não há show.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">A dublagem, hoje, é o principal ato de interpretação transformista. É seu “fazer” por excelência; o que não exclui, na atividade artística transformista, outras formas do fazer artístico, como o cantar, o dançar e obviamente, o atuar. A dublagem é uma espécie de atuação pantomímica que foi possibilitada pela cultura de massas e o desenvolvimento da indústria tecnológica. Contudo, na capacidade interpretativa do artista transformista, de combinar as suas emoções às da voz original, reside todo o caráter artístico do show transformista, nos dando a grata impressão de estarmos vendo e ouvindo alguém tão bom quanto o próprio cantor, o dono da voz. Isto se deve ao fazer pantomímico, quando o intérprete deve passar toda a sua emoção sem o uso das palavras e de sua voz, utilizando para isto o corpo, o gestual, e principalmente, a perfeita sincronia entre as palavras da canção e o mover dos lábios. Esse aspecto fica bem claro quando podemos perceber a diferença do transformista com o artista <i>cover,</i> por exemplo. Geralmente, quando vemos um artista <i>cover</i> idolatramos muito mais o artista “copiado” do que o artista que “copia”. Com o transformismo idolatramos os dois.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">A performance, além da dimensão corpórea que lhe é inerente, o uso do corpo através da dança, do gestual e do <i>mis-én-scene</i>, estabelece também uma relação que o artista mantém com o espaço a sua volta: o palco e o espectador. A performance, portanto, serve como uma forma de comunicação entre o artista e seu público, reafirmando o que muitos filósofos da arte já nos disseram, que a função primeira da arte é nos colocar em contato com nosso próprio mundo e que quando observamos uma obra de arte ou um evento artístico temos que nos reconhecer nele.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia;">É através da performance que um ator transformista passa para a platéia o seu entendimento da música, ou mesmo dá à canção um novo entendimento ou interpretação. Às vezes, na intensidade de um simples mexer de uma mão podemos sentir toda a emoção que um artista está sentindo ao dublar e está querendo passar a seu público. Ou então a performance pode assumir proporções mais teatrais, como quando vi um artista, certa vez, dublando Shirley Bassey com a música <i>This is my life</i>. O artista entrava em cena vestido de mulher e uma bolsa tipo viagem. Durante a música o artista ia se despindo e tirando sua maquiagem e colocava tudo dentro da bolsa. O artista estava se "desmontando", ou seja, saindo da persona feminina e voltando a ser um homem. No final, já vestido como homem, juntamente com a letra da música que dá nome a canção, o artista mostrava a bolsa cheia das roupas femininas para a platéia, como quem dizia "Esta é minha vida". Era lindo!<br />
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<span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">A produção visual, que congrega as questões plástica e estética, está relacionada diretamente com as técnicas do transformismo em si: a transformação por meio do uso de maquiagem, perucas, roupas, enchimentos e acessórios que garantam beleza e verdade artística ao show. É o elemento de impacto, aquele que o público vê. Numa produção transformista, a produção exigida deve ser rica, brilhosa e exuberante. Como já ouvi um artista comentar: ‘quem gosta de miséria é intelectual, ‘viado’ gosta é de produção”. Num primeiro momento é através da produção que podemos diferenciar um artista transformista de uma drag queen. As produções transformistas, geralmente, são extremamente vistosas e luxuosas, com vestidos de gala bordados com pedrarias, com muito brilho, plumas e muito glamour. A inspiração para o vestuário e produção transformista nos remete diretamente aos grandes espetáculos do Teatro de Revista.<br />
</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia;">A produção também está fortemente ligada a outra manifestação da arte transformista: os concursos de beleza. A importância desse tipo de evento é tamanha que há um concurso famoso no Brasil, já institucionalizado e respeitado sendo reconhecido pela mídia brasileira como um evento importante. É o Miss Brasil Gay e no ano de 2009 esteve em sua 33ª edição. Muitas artistas gaúchas, como Misses Rio Grande do Sul, já foram particpar desse evento, que acontece anualmente lá em Juiz de Fora/MG. Entre elas estão Christiny Bastos e Dolly Blond. Outro concurso que marcou época, pelo menos aqui em Porto Alegre foi o Glamour Gay. São concursos muito disputados que seguem rígidas regras de participação, como por exemplo alguns vetam a participação de travestis, sendo estes concursos destinados apenas a transformistas. Já outros permitem. E outros ainda só permitem a participação de travestis. Nesses concursos a palavra-chave é justamente produção. Os vestidos são luxuosíssimos com muitas predarias e bordados. A maquiagem e os cabelos ou perucas devem estar impecáveis. A exigência desses quesitos nessas horas é muito maior que para um show transformista e a exigência da semelhança com uma mulher é que conta pontos, além da beleza, graça, leveza, e obviamente, o andar na passarela. A origem da relação da arte transformista está na própria razão de ser do transformismo, em transformar um homem numa mulher bela e glamourosa, além do fato de que, quando o transformismo estava se desenvolvendo também estavam nascendo no Brasil os consursos de Miss.<br />
</span><br />
<span style="font-family: Georgia;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Georgia;">É por estas questões que tentei trazer aqui à discussão, que eu afirmo e reafirmo que o transformismo é sim uma arte. Uma forma de expressão cultural que sempre foi considerada de menor ou nenhuma importância por se tornar expressão de um grupo social que foi historicamente discriminado e hostilizado em nossa cultura. Por isso a intenção deste blog, apresentar a vocês, um pouco do universo do transformismo, pelo menos o de Porto Alegre, para que se possa minimizar o preconceito e valorizar esta arte como qualquer outra forma de arte, comunicação e expressão do ser humano.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 100%;">Abaixo: um vídeo do ator-tranasformista norte-americano Randy Roberts que traduz um pouquinho o que expus aqui e que me lembrou, em muito, os shows que assisti aqui mesmo em Porto Alegre</span>, no final da década de 80 e início da de 1990.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/uC0MpQQLiSY&hl=pt-br&fs=1&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/uC0MpQQLiSY&hl=pt-br&fs=1&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="364" width="445"></embed></object><br />
<span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-66034704976631998172009-07-27T05:27:00.015-03:002011-02-25T16:30:10.303-03:00ABC das Identidades<o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Georgia; panose-1:2 4 5 2 5 4 5 2 3 3; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 0 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:none; mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
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<div style="font-family: georgia; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" face="georgia" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Georgia; panose-1:2 4 5 2 5 4 5 2 3 3; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 0 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:none; mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Salve Caríssimos!!!</span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Creio que alguns esclarecimentos iniciais se fazem necessários, tal é a quantidade de informações estapafúrdias e equivocadas encontradas por aí, em nossos dois mundos, o real e o virtual. A confusão que fazem com rótulos e categorias que impuseram aos gays (aqui num sentido mais genérico mesmo, evitando aquela sopa de letrinhas e a miríade de identidades <i>homo</i>) na tentativa de classificá-los e enquadrá-los em algo “legível” e compreensível aos olhos do mundo dito “normal”. E o pior é que estes rótulos muitas vezes são assumidos e incorporados pelos próprios homossexuais (aqui também num <i>latu-sensu</i>), sem nem mesmo se darem conta, às vezes, de como estes rótulos foram construídos e significados durante a história.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">A primeira e principal confusão conceitual que acontece com todo mundo no Brasil, mesmo entre a comunidade gay, é aquela que relaciona travestilidade e arte transformismta. Ou, ainda, colocarem transformistas e <i>drags</i> num mesmo saco, como se fossem a mesma coisa, sendo <i>drag</i> considerado apenas algo mais moderno, uma versão atualizada e repaginada do transformista. Já li, inclusive, artigos de cientistas, psiquiatras, psicólogos e até antropólogos (sim, antropólogos, futuros colegas meus!), enfim, estudiosos do assunto que cometem tal engano. Talvez se tivessem “mergulhados” um pouco mais em seus trabalhos de campo (como é chamado o “fazer pesquisa antropológica”) e prestado mais atenção aos “nativos” (outro clichê antropológico, isto é, a população pesquisada) tais estultices teriam sido evitadas. Tudo bem que as categorias de transformistas e travestis tenham uma gênese comum, tendo, inclusive, sido considerados sinônimos por determinado tempo. No entanto, com o passar dos tempos, algumas especificidades foram acontecendo fazendo com que as duas categorias passassem a diferenciarem-se entre si, criando identidades bastante distintas atualmente. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Fundamental, antes de tudo, é esclarecer certa diferença básica e que vem a embasar todas as outras definições. Trata-se da diferença entre Identidade Biológica e Identidade Psicossocial, ou ainda, entre Identidade Sexual e Identidade de Gênero. Sim! Elas são diferentes! E nunca foram pensadas antes da década de 1960. Graças ao movimento feminista as coisas começaram a mudar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Bom... uma definição bem básica de identidade: é o conjunto de características e signos através dos quais relacionamos o "eu" com o "nós" e o "eles". Aliás, o "eu identitário" só surge depois de um reconhecimento desses "nós" e desse "eles". Como durante nossa vida nos defrontamos com uma diversidade de "nós" e "eles" podemos construir várias identidades que se justapõem e são acessadas conforme circunstâncias diversas. Portanto, identidades nunca são essenciais ou estáticas, sendo sempre relacionais e cambiantes. Posso ser homem, gaúcho, cristão, brasileiro, gay, torcedor de um determinado time de futebol, rockeiro, etc, tudo ao mesmo tempo, assim como, ser somente uma delas quando determinada situação assim o exigir. Por exemplo, quando vejo cenas de violência e homofobia no futebol, meu lado gay se manifesta acima da identificação com um time de futebol. Por razões próprias da dinâmica de uma determinada cultura, algumas identidades se tornam mais fundamentais e embasadoras na construção de um "eu", entre elas, a identidade sexual, de nosso local de nascimento ou ancestralidade (étnica/racial) e religiosa. No que se refere à sexualidade, orientação sexual e transgeneração é necessário compreender a dinâmica e relação de duas identidades: a biológica (sexual) e a de gênero. </span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Identidade Biológica (ou Sexual) é aquela referente ao nosso sexo biológico, genético e com o qual fomos dotados fisicamente, isto é, nossa genitália e que nos define como macho e fêmea, homem e mulher. Já, a Identidade Psicossocial (ou de Gênero) pertence à dimensão do psicológico e do social. É a identidade aparente, comportamental, simbólica, nosso gênero, que nos define como seres masculinos e femininos. Uma comparação rasteira e um tanto reducionista mas que pode ser dada para elucidar a questão: a genética não nos fala em genótipo e fenótipo? Nossas características físicas que estão em nosso cromossomos mas que “aparecem” diferentes no nosso corpo, como cor do cabelo, por exemplo. Lembram das aulas de Biologia do segundo grau? Pois é! Mais ou menos por aí.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Continuando... a divisão das identidades em macho e fêmea, homem e mulher e masculino e feminino remonta à divisão social do trabalho, quando as tarefas para o sustento coletivo dos primeiros grupos humanos foram dividas entre homens e mulheres. A divisão não foi biológica. Foi social. Destarte a única diferença entre homens e mulheres, a de que estas são as únicas capazes de gerar a vida, o resto são diferenças culturais. E assim, pelo menos em nossa civilização ocidental, foram atribuídas certas qualidades a um ou outro sexo e com o passar dos milênios essas qualidades atribuídas foram incorporadas, tomadas como inatas, inerentes ao sexo. A civilização helênico-judaica, sendo cultura mediterrânica e, portanto, patriarcal, com a estória de Adão e Eva reforçou e muito este mito. Só que a diferença entre homem e mulher era considerada de <i>grau</i>, onde o homem era tido como superior à mulher, como se esta fosse uma versão menor e inferior daquele. Entre os séculos XVII e XVIII, com a Revolução Científica e o Iluminismo, essa diferença passou a ser considerada de <i>natureza</i>. Porém, a idéia de que a mulher era inferior ao homem persistiu nas entrelinhas (até hoje isso acontece). O mesmo aconteceu com a questão das identidades. O masculino só poderia pertencer ao homem e o feminino apenas à mulher, ou seja, as identidades genética e de gênero não se dissociavam. Um homem com qualidades femininas? Imagina! Só pode ser uma “anomalia”. Assim era construído o conhecimento, ainda fortemente influenciado por uma moral religiosa. No limiar da Ciência dita moderna, a partir do século XVIII, principalmente no nascer da medicina, com estudos sendo feitos sobre estas “anomalias”, percebeu-se haver, em alguns casos, na espécie humana, uma dissociação entre essas identidades! Assim a Ciência passou a “construir” seres humanos classificados <st1:personname productid="em categorias. E" st="on">em categorias. E</st1:personname> classificação “pode” gerar ordenação! Devo apenas lembrar que isto se passa com nossa civilização: a ocidental. Outras culturas encontraram formas diferenciadas de lidar com a diversidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Outra questão pouco compreendida é que desejo nada tem a ver com identidade. Com nenhuma das duas! Os gregos já sabiam disso! Eros jogava suas flechas em todo mundo, o que queria era ver o amor! Imaginem! Zeus, o todo-poderoso “pegador” e mulherengo queria alguém que lhe servisse o néctar no Olimpo. Quem ele escolheu? O efebo Ganimedes, o mais belo dos jovens mortais. Quem diria! Mas daí veio São Paulo, o coletor de impostos arrependido e convertido, e mudou tudo isso. Do amor, nasceu o pecado! Do pecado, a doença e da doença veio o crime! Não se esqueçam, meus caros, em pleno século XXI, homossexuais e travestis ainda são considerados criminosos puníveis com a morte pelas leis de deus e dos homens em alguns lugares!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Por tudo isso e mais um pouco, é que ainda é muito difícil, para a sociedade como um todo, compreender e aceitar alguém de um determinado sexo se vestir e se comportar como se do outro sexo fosse. Isso ainda é tido como anomalia. Não se percebem as diferenças entre as identidades genética e de gênero. E essa idéia faz com que não possamos compreender a questão em toda sua complexidade. E tais diferenças dão-se de várias formas e nuanças, contribuindo, assim, para as diferenças existentes entre transformistas, travestis e transexuais, por exemplo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Vou explicar melhor, agora, caso a caso, por meio de estudos antropológicos (apesar de limitado, ainda serve para o conhecimento humano, acredito) e também me servindo de definições êmicas, termo usado em antropologia, quando o próprio nativo se qualifica e se define. Ou seja, as definições que trarei são dos próprios homossexuais, transformistas, travestis, drags, etc. temperados com o conhecimento antropológico. Vale lembrar que os termos aqui tratados são referidos em seu uso no Brasil, podendo em outros lugares do mundo assumirem outras conotações. É importante frisar também que estas categorias são de análise , como tipos ideais, modelos. Portanto, na vivência real podem ser cambiantes, ou seja, um sujeito que se enquadre numa categoria pode passar a assumir a identidade de outra, assim como considero a autoidentificação, ou seja, não sou eu que determino a identidade e sim o próprio sujeito que se coloca nela. Vamos, então, a um pequeno dicionário:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Homossexuais</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: indivíduos que praticam sua afetividade e sua sexualidade com outros indivíduos do mesmo sexo. O objeto do desejo é orientado a alguém do mesmo sexo. “Pode” haver uma identidade homossexual, uma identificação psicossocial com outros sujeitos praticantes da homossexualidade, porém, não é uma regra. Não há um identidade homossexual única. Existem sim, várias microidentidades homossexuais, variadas conforme outras condicionantes. Assim surgem os gays, as lésbicas, os sapatões, as melissinhas, as bichas, os bofes, as barbies, os ursos, os entendidos, etc. A prática sexual homo não está diretamente vinculada a uma identidade homossexual, muito menos a uma homossociabilidade. E identidade homossexual nada tem a ver com uma identidade feminina, no caso dos homens, por exemplo. Isto é um caso controverso. Alguns estudiosos e militantes acreditam que isso se deve ao caráter heteronormativo de nossa sociedade, que exerce uma coerção social tendenciosa, preconceituosa e machista e que não tolera o <i>gay way of life. </i>Outros, porém, acreditam que o assumir-se, o <i>coming out</i>, o famoso sair do armário e a forma como isso se dá é uma questão de escolha individual. Será?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Transgêneros</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: termo surgido recentemente e que serve para designar toda uma categoria de sujeitos que praticam a transgeneração, isto é, dissociam suas identidades genética e de gênero. Comportam-se nas situações mais variadas e por razões diversas como se pertencessem ao sexo oposto. O termo surgiu para dar conta das várias identidades <i>trans</i> surgidas e percebidas a partir do século XX e que, antes disso, eram categorizadas apenas como travestis ou invertidos. Compreende, portanto, travestis, transexuais, transformistas, <i>drag-queens</i>, <i>crossdressers</i>, etc. O fenômeno da transgeneração é histórico e cultural: foi se transformando de acordo com novas práticas identitárias e novas descobertas científicas e se materializa diferentemente de acordo com o contexto cultural em que está inserido. Divido a categoria transgêneros em duas subcategorias: as identitárias, aquelas em que a identidade de gênero é sociopolítica (travestis e transexuais) e as performáticas, quando a identidade é acessada em momentos e situações específicas (transformistas, drag-queens e crossdessers).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Cisgêneros</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: São os indivíduos que conciliam as identidades sexual e de gênero. Homens e mulheres que, mesmo sendo homossexuais, expressam seu gênero conforme sua identidade sexual. A categoria cisgênero ganhar destaque neste início de milênio com novas práticas estético-corporais e de papéis sexuais, quando uma heteronomatividade se insere acirradamente no entendimento da homossexaulidade, como por exemplo, a busca de padrões masculinos de comportamento e de estética entre os homossexuais masculinos, carregada, inclusive, de uma abjeção aos homossexuais efeminados e aos transgêneros.</span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><br />
</span><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Intersex</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: mais conhecidos como hermafroditas. Termo que se originou na figura mitológica grega Hermafrodita, filh@ dos deuses Hermes e Afrodite e que herdou fisicamente os dois sexos de seus progenitores. São sujeitos sexualmente ambivalentes, ou com um sexo “indefinido”. Não há na realidade um hermafrodita completo, ou seja, com os dois sexos plenamente formados num só corpo. Um sempre se sobressai ao outro em alguma de suas variadas e complexas características e que ultrapassam a simples questão da genitália, incluindo aí caracteres hormonais, cromossômicos, biológicos e psicológicos. O que existe realmente chamam de pseudo-hermafroditismo. Questão deveras polêmica. Pois, os médicos acham necessário proceder cirurgicamente para “corrigir o problema”. Assim, geralmente, são os médicos, ou melhor, uma equipe médica interdisciplinar que definirá o sexo final do sujeito <i>intersex</i>. Já existe um movimento sociopolítico, da parte dos próprios sujeitos <i>intersex</i>, que visa o impedimento dessas intervenções cirúrgicas fazendo, assim, com que seja o indivíduo <i>intersex,</i> já em idade adulta, aquele quem decidirá se haverá ou não uma “correção”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Transexuais</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Muitas vezes são confundidas com travestis operadas, porém uma diferença deverá ser considerada: muitas vezes o desejo da operação de troca de sexo, ou uma correção genital se coloca como necessidade. A confusão com as travestis se dá pelas caraceterísitcas básicas comuns a ambas, pois, como as travestis, as transexuais pertencem a um sexo biológico, mas comportam-se socialmente como se do outro sexo fossem tanto em suas vidas públicas quanto privadas. São mais conhecidas pela expressão “alma de mulher aprisionada num corpo de homem” (ou o contrário). Através desta expressão e com o que venho discutindo aqui, no que se refere às identidades genética e de gênero, já dá para se entender o real significado da expressão. Há um total desencontro entre as identidades fazendo com que a segunda negue a anterior. A identidade psicossocial não aceita a sua identidade sexual, resultando em que estes indivíduos recorram , muitas vezes, à intervenção cirúrgica para buscar corrigir essa diferença. Não há necessariamente uma relação direta da transexualidade com a homossexualidade. Heterossexuais também podem vir a tornarem-se transexuais. No caso de homem para mulher: é um homem que quer SER uma mulher. Ciências como a Medicina e a Psicologia ainda consideram a transexualidade um transtorno psicológico de identidade, patologizando a categoria.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Crossdressers</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Muito confundido com a travesti e com o próprio transformista, sendo erroneamente identificado com todo aquele sujeito que se veste com roupas do sexo oposto. Na verdade é um movimento surgido na última década para designar o sujeito geralmente heterossexual (mas também há sujeitos homossexuais e bissexuais) que, por prazer, fantasia, fetiche ou identificação de gênero, veste-se com roupas do sexo oposto. A prática não é cotidiana, havendo inclusive encontros específicos de <i>crossdressers</i>. O termo surgiu para diferenciar-se de travesti, que são mais confundidos com homossexuais. Não há necessariamente uma conotação sexual, apenas sociocomportamental.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Travestis</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: O termo parece ter tido origem no século XV e foi ressignificado no início do século XX por um médico alemão. Se referia aqueles sujeitos que se comportavam como se fossem do outro sexo biológico, incluindo aí, desde fetichistas até aqueles que viviam assim constantemente. Outro termo empregado era inversão. A partir dos estudos deste médico o termo travesti se popularizou e no Brasil chegou nos anos 50 se generalizando e virando, inclusive, sinônimo de homossexual afeminado. Toda e qulaquer pessoa que assim se comportava era considerado um travesti, não importando o contexto. Para o significado dessa colocação, usa-se hoje em dia, o termo transgênero. Não há uma relação direta da travestilidade com a homossexualidade, nem mesmo uma direta identificação. Como no caso anterior, também há uma diferença entre a identidade sexual e a psicossocial. Mas não ao ponto de uma total negação entre ambas. Como os transexuais, comportam-se socialmente, pública e privadamente, como se fossem pertencentes a outro sexo. A partir dos anos 50 e 60, pelo menos no caso de homens que se travestiam de mulher, com o advento de novas tecnologias, as travestis passaram a fazer uso de hormônios e aplicações de próteses de silicone, para aprimorarem as características femininas requeridas e necessárias. Assim, as travestis começaram a definir e especificar mais ainda sua indentidade, diferenciado-se dos transformistas e outros sujeitos transgêneros. No entanto, o sujeito travesti não nega seu sexo biológico na grande maioria das vezes. A maioria dos casos ocorre entre indivíduos nascidos homens., porém, há mulheres travestis, só que são menos aparentes socialmente. Pode acontecer de um sujeito travesti querer operar-se, tornando-se, assim, um transexual, o que chamo de “trânsito entre identidades”, mas parece ser uma minoria. Até mesmo porque, muitas das travestis, infelizmente, para terem seu sustento material ainda precisam recorrer à prostituição, sendo, portanto, necessária, muitas vezes, a manutenção da genitália masculina, o que pode ser percebido nos anúncios de classificados: “uma mulher especial, com um brinquedinho a mais”. É neste ponto que reside a tênue e sensível diferença entre travestis e transexuais. A travesti somente não recorre à cirurgia porque “precisa” de seu sexo biológico ou porque realmente não sente-se uma mulher como o transexual. Polêmico!!! No caso de homem para mulher: é um homem que quer SENTIR-SE como uma mulher. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Transformistas</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: O termo parece ter surgido na década de 1920 por meio do teatro e comporta aqueles indivíduos que se vestem com roupas e acessórios do sexo oposto, porém, atualmente, o contexto é totalmente diverso daquele em que os outros sujeitos trangêneros estão inseridos. Não há intervenções cirúrgicas, no máximo e em reduzidos casos, algum uso de hormônios para suavizar as formas físicas masculinas do corpo ou preencher um pouco os seios (no caso de homens transformistas; mulheres transformistas são raras). A prática nunca é privada, ou seja, o transformista não age assim para estar dentro de casa, no seu dia-a-dia. Portanto, a prática é sempre pública, geralmente em espaços de homossociabilidade. A relação com a homossexualidade é mais direta. A prática transformista está diretamente relacionada com a arte do transformismo, ou seja, é utilizada para performances em shows de dublagens, espetáculos teatrais e concursos de beleza feminina. No caso da arte transformista, as técnicas utilizadas podem servir à busca pela semelhança com alguma mulher em especial, geralmente grandes cantoras. Os artistas transformistas geralmente criam uma única personagem, algo como um alter-ego, porém, podem variar suas interpretações e os artifícios utilizados são variados, mas sempre extracorpóreos, nunca intra. Usam-se perucas, meias, técnicas de maquiagem e de enchimentos nas roupas para acentuar curvas e sinuosidades, como peitos postiços assim como a famosa “pireli” usada nas nádegas para “arredondar o traseiro”. A intenção do transformista é ficar o máximo possível parecido com uma mulher. Transformistas são aqueles homens que querem PARECER uma mulher. Não há nenhuma negação, por parte do transformista de seu sexo biológico. Ao contrário, brinca-se com isso. A arte está justamente aí. Todos saberem que atrás daquela mulher linda e interessante está um homem. A figura clássica do transformista foi eternizada por Julie Andrews no filme “Victor ou Victória” onde uma mulher faz-se passar por um homem que faz show vestido de mulher. O termo ainda é muito confundido com travesti e, atualmente, também com a drag, tanto dentro do universo homo como na sociedade <st1:personname productid="em geral. A" st="on">em geral. </st1:personname>Há a questão das regionalidades também. Em muitos lugares, estes dois termos são praticamente sinônimos, como na língua espanhola, por exemplo, onde as travestis são chamadas de transformistas. No português brasileiro é o contrário. Os transformistas são chamados de travestis de maneira geral pela sociedade e as travestis que fazem shows são chamadas de transformistas, mesmo entre os homossexuais. Este último fato se deve às significações que o show transformista recebeu. Pois, o show transformista, durante certo tempo, passou a ser todo aquele show que era feito por um homem biologicamente definido como tal, porém, vestido como uma mulher, independentemente se tinha peitos de silicone ou não. Mas com o surgimento das drag-queens, nos anos 80 e 90, os artistas genuinamente transformistas passaram a se auto-identificarem desta forma, numa tentativa de demarcação de sua identidade e afirmação de sua diferença em relação às drags e às travestis. Não é uma categoria fechada, ou seja, transformistas podem virar uma travesti ou mesmo uma drag. Mais uma vez o tal “trânsito” entre identidades. Os transformistas mais famosos de Porto Alegre e ainda na ativa são: Lady Cibele, Dandara Rangel, Laurita Leão, Glória Cristal (do Cine Theatro Ypiranga), Charlene Voluntaire (também do Cine e às vezes definida como drag pelo modo como iniciou sua carreira), Iaçana Makeba, Victória Principal e Bruna Diniz (da Refugiu’s Mega Danceteria).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Drag-queens</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Este é o único caso que se aplica somente aos homens que se vestem de mulher. Não há mulheres drag-queens, pelo menos no Brasil. Na confusão, tentaram classificar as drag-kings, as mulheres que se vestem de homem, mas, pelo menos aqui, não vingou. A origem do termo é confusa: <i>queen</i> é a forma na língua inglesa para o nosso "bicha" e <i>drag</i> pode ser uma sigla para <i>DR</i>essed <i>A</i>s a <i>G</i>ril, (vestida como uma garota), mas não há evidências concretas disso. Outros ainda afirmam que a origem de drag vem de dragão e queen seria rainha mesmo. (drag-queen = rainha-dragão). Nos Estados Unidos parece que o termo drag-queen é utilizado para todo e qualquer homem que se vista de mulher, algo como a generalização do termo travesti no Brasil. Para o que nós usamos como drag-queen e transfomrista no Brasil, na língua inlgesa é <i>impersonator</i>. Enfim, a onda drag foi uma tendência surgida nos EUA e também na Inglaterra, nos anos 70, na esteira da contracultura e ainda na era Disco e que se popularizou na onda clubber dos anos 80 e 90, principalmente com o estouro mundial do filme australiano “As Aventuras de Priscilla – A Rainha do Deserto”. Como os transformistas, as drags também estão mais ligadas à homossexualidade (há relatos de homens heterossexuais que se profissionalizaram como drags) e à performance, porém, com características completamente diferentes. Antes da popularização do fenômeno em 1994, elas já existiam numa forma variada mas em número bem menor. A maquiagem era bem diferente, num estilo pantomímico, com uma máscara de maquiagem branca cobrindo o rosto, com os olhos e a boca pintados num colorido intenso, porém, o tom debochado e exagerado era o mesmo. Eram figuras clownescas do carnaval carioca que se transformaram na caricata e emprestou características à drag queen moderna. Figuras clássicas, no Brasil, dessas drag-queens antigas e caricatas são Isabelita dos Patins, Lola Batalhão e Laura de Visón. <st1:personname productid="Em Porto Alegre" st="on">Em Porto Alegre</st1:personname> há Pérla Ostra, eterna madrinha da Parada Livre. A drag não quer parecer uma mulher, ela DEBOCHA do feminino, no sentido teatral do termo. É uma over-woman, uma super mulher, o supra-sumo da atitude <i>camp.</i> A maquiagem é exagerada, o figurino colorido, extravagante. Diferentemente do transformista, uma drag não esconde seu sexo biológico. O corpo masculino, mesmo que depilado, permanece à mostra. Não há exatamente uma tentativa de feminilizar o corpo, no máximo o uso de peitos postiços. Os braços masculinos, por vezes até musculosos, podem ficar à mostra sem nenhum problema, quando os transformistas, muitas vezes precisam recorrer aos vestidos com manga e luvas para encobrirem os braços masculinos. A drag-queen é um personagem único. A arte drag é totalmente diversa da arte-transformista. O transformista é mais restrito ao palco, à dublagem principalmente. A drag-queen, muito mais performática, começou nas pistas, nas portas das casas noturnas, recepcionando e brincando com o público, depois é que subiu aos palcos. Não há a busca da semelhança com o artista performatizado. É outro tipo de arte, quando a performance é feita pela mesma persona sem variar as interpretações. É uma arte assemelhada com a arte <i>clown, </i>só que um clown alegre, extremamente alegre. Por isso as críticas hoje existentes em relação às drags, de que elas fazem sempre o mesmo show com performances repetitivas. As pessoas não entendem esse caráter performático e de um único personagem. A drag mais conhecida de Porto Alegre é Letícia Dumont.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Top-Drags</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Uma variação da Drag-queen. Muito mais feminina. Uma espécie de fusão entre uma artista travesti e uma drag-queen. Mantêm as características performáticas da drag-queen. Mas o corpo mais feminino é evidenciado, a maquiagem deixa de ser exagerada e passa a ser um pouco mais "natural". A busca é por <i>femme fatales. </i>Muitas drags se autodenominam como Tops, como um upgrade em sua carreira, algo como <i>über model</i> entre as modelos. Os maiores exemplos de Top-Drags <st1:personname productid="Em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname> são Suzzy B (da boate Vitraux Club) e Gia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p><span style="text-decoration: none;"><br />
</span></o:p></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Caricatas</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: transformistas especializados em performances cômicas. Deboche puro, brincando com a figura da mulher estampada num corpo masculino. Geralmente é evidenciada a feiura, o bagaceiro, o brega. Por vezes, dependendo da performance, o tamanho dos seios e das nádegas é exagerado. O maior exemplo de ator-caricato aqui <st1:personname productid="Em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname> é o ator João Carlos Castanha. Dandara Rangel e Laurita Leão também fazem performances cômicas e escrachadas. Na história das artes transgêneras no Brasil há uma forte relação da caricata com a origem da drag-queen brasileira.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Covers</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: artistas performáticos especializados em performances imitativas. O nome vem das bandas musicais que se especializam em tocar o repertório de uma outra banda já conhecida. E no Brasil foi este o termo que se convencionou usar para denominar este tipo de arte. Nos países de língua inglesa a palvra usada é <i>impersonator</i> (utilizada inclusive para transformistas). São performers que se especializam em imitar os outros em suas ações e comportamentos, além da aparência. Na sua relação com o transformismo apenas se retira a dimensão transgênera deste. O caráter artístico do transformismo permanece o mesmo. O maior exemplo de artista cover na noite gay de <st1:personname productid="Em Porto Alegre" st="on"> Porto Alegre</st1:personname> é o Nikki Goulart com suas performances de Michael Jackson e Nina Haggen. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Montadas</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Montada é o termo usado para aquele que está vestido de mulher. Montaria é todo o aparato necessário para a transformação. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Andrógino</span></u></b><b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">:</span></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"> Termo que mistura as palavras gregas “andros” e “ginos” e que designam exatamente masculino e feminino, respectivamente<b>. </b>Todo aquele sujeito que tem a identidade de gênero ambivalente ou indefinida, diferentemente dos transex, quando a indefinição se dá na dimensão biológica. Androginia ultrapassa o masculino e o feminino, dando espaço para dúvidas numa definição. Pode ser a fusão entre o masculino e o feminino, fazendo com que estes conceitos desapareçam ou mesmo mantenham a permanência de características de ambos os gêneros. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><br />
<b><u>Heterossexuais</u></b>: Sujeitos que praticam sexo com alguém do sexo oposto. O termo passou a existir quando homossexualismo virou homossexualidade. Quando o homossexualismo deixou de ser considerado uma anomalia pela Organização Mundial de Saúde em 1985 e pela Associação Internacional de Psicologia em 1999 (pasmem! Somente há 10 anos), surgiu o termo homossexualidade. Assim heterossexualidade veio na esteira para marcar a diferença. Antes não se pensava num sujeito heterossexual, tal o peso de normatividade que esta prática tinha. Era o correto, o normal, portanto nem precisava ser nominado. A diferença era dada apenas entre homens e mulheres. Com uma maior aceitação da homossexualidade, o mundo passou a ser dividido entre heterossexuais e homossexuais. Setores do movimento LGBTT reivindicam uma ampliação dessa ideia reconhecendo a existência não só de identidades múltiplas mas também de sexualidades variadas.</span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<b><u><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Bissexuais</span></u></b><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">: Sujeitos que praticam sexo com sujeitos de ambos os sexos. Ainda é considerada uma prática marginal, tanto por heterossexuais quanto por homossexuais. Tidos como “suspeitos” ou “promíscuos” ou simplesmente alguém que não quer sair do armário. A questão mais importante a ser considerada, no entanto, é a forma binária e dicotômica como ainda encaramos a sexualidade humana e que só permite a existência de dois modelos: os heteros e os homos, não possibilitando a compreensão da extensa variabilidade de práticas sexuais que a sexualidade humana pode abarcar. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><o:p> </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;">Ufa!!! Foi longo, mas o básico tai! Qualquer dúvida ou objeção ao aqui exposto é só entrar em contato comigo!<u><o:p></o:p></u></span></div><span style="font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
<div style="font-family: georgia; text-align: justify;"></div><span style="font-family: Georgia; font-size: 11pt;"><br />
<u><o:p></o:p></u></span>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-17783803832207111442009-02-10T20:54:00.007-02:002009-09-29T15:51:17.554-03:00Autoria - Quem sou? 2<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDz_MSdIMTlvLHs71ijuoGbOlEAUUaTRsCbaNzetAu-ZNdBAc8Xk7CVSOME0hEU9nbx2fMgrDo1k2vwK0btEEv8aKqXpaIhO2p0zqPCetBexMN9Z64gh63h4z2bpdDLc__qDhv04-ASl4/s1600-h/Luciano+Berta+Angel+Loiro.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362512023670567362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDz_MSdIMTlvLHs71ijuoGbOlEAUUaTRsCbaNzetAu-ZNdBAc8Xk7CVSOME0hEU9nbx2fMgrDo1k2vwK0btEEv8aKqXpaIhO2p0zqPCetBexMN9Z64gh63h4z2bpdDLc__qDhv04-ASl4/s400/Luciano+Berta+Angel+Loiro.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 299px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Georgia; panose-1:2 4 5 2 5 4 5 2 3 3; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 0 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Salve Caríssimos!!!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"> Achei legal, para dar prosseguimento à exposição das minhas ideias, republicar aqui, na íntegra (pois na época havia suprimido algumas informações), uma entrevista que dei dois anos atrás para o site <i>poamix,</i> de propriedade de meu querido amigo e grande fotógrafo Gerson Roldo. O site hoje está extinto, infelizmente, pois foi um dos melhores sites gays já criados, com uma proposta e uma estética maravilhosas.<o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"> Assim, lá vai um pouquinho mais de mim, das minhas ideias, das minhas apreensões do mundo! E também um pouco da história da noite <st1:personname productid="em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname> nestes últimos vinte anos.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Entrevista Luciano Berta (as informações relativas à época não foram atualizadas)<o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Luciano Berta, 35 anos, nascido <st1:personname productid="em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname>, é estudante de Ciências Sociais e também ator. Foi transformista no início da década de 90 e frequenta a noite gay desde o final dos anos 80, tendo conhecido diversas casas de diversos gêneros. Ultimamente foi Relações Públicas de conhecida danceteria da capital.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Onde e quando começou sua vida na noite?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Foi na época em que eu iniciei a fazer teatro. Comecei a sair lá pelos idos de 1988, na extinta Danceteria Enigma, na Pinto Bandeira, ainda nos tempos do Eduardo Herrera DJ, hoje vivendo <st1:personname productid="em Londres. Uma" st="on">em Londres. Uma</st1:personname> casa maravilhosa, linda! As que frequentavam eram conhecidas em geral como “as enigmáticas” pois adoravam fazer tipo, eram tidas como “finas”. Outro lugar maravilhoso da época era o Doce Vício, ao lado do Colégio Militar, um bar e restaurante que servia umas jantas deliciosas, com sugestivos nomes de grandes divas, cantoras e atrizes e também de homossexuais famosos. Era sagrado! Todas antes de irem para o Enigma davam pinta no Doce! A uma e meia era aquela debandada! Quem trabalhava lá era a saudosa Nega Lu. Depois veio o Fly (onde hoje é o Venezianos) e roubou um pouco o público do Doce. O Ocidente foi outra casa que marcou... Nossa! Uma quantidade enorme de tribos e tipos iam lá. Tinha também o Vitraux, bem menor do que é hoje e voltado mais para as lésbicas, ah... e o Discretus, do Demétrio Pompeu, primeiramente instalado pertinho da Assis Brasil e depois indo para a Venâncio, no mesmo local do Ego Sun, que havia fechado. O Discretus foi o nascedouro das maravilhosas casas que ele dirigiu nestes quase vinte anos. Houve também os tantos bares que a Vanda abriu, especialmente um deles, na José Bonifácio, que bombava aos domingos com um show chamado Milk Shake comandado pela Laurita Leão e que começava as seis da tarde e ia até as dez da noite com pencas de bichas novinhas fazendo show. Muitas artistas começaram ali. Victória Principal, Nikki, Iaçana, Ramonna. Era bárbaro. Depois iamos todos para o Discretus assitir o glorioso Viva a Preta, apresentado conjuntamente pelas maravilhosas Dandara Rangel e Gudiara Makimba. Detalhe: com Glória Cristal de coadjuvante e que, com o fim do show, começou a ocupar o espaço e dar vazão a seu enorme talento com o microfone nas mãos. E ainda mais uma infinidades de bares e pequenas boates que fechavam e abriam a cada final de semana.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">O que te marcou naquela época?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Nossa! Tanta coisa marca a gente em nossa juventude! Mas acho que o que mais ficou daquele tempo, além das músicas, como as da Madonna, Pet Shop Boys, KonKan, Erasure, Donna Summer e muito mais, foi a sensação do proibido, do gueto. Saíamos só à noite. De dia, se nos encontrávamos na Andradas, por exemplo, nos cumprimentávamos ligeiramente. Quando apareciam “aquelas pintosas” que insistiam em te chamar por algum nome feminino gritando <st1:personname productid="em plena Esquina Democr£tica" st="on"><st1:personname productid="em plena Esquina" st="on">em plena Esquina</st1:personname> Democrática</st1:personname> as seis da tarde era a morte! De dia só nos encontrávamos aos domingos no Brique da Redenção, eterno point, em volta do antigo brinquedo de auto-choque, chamado de A Casinha da Barbie, em frente do Bar Escaler. Mas o que mais marcou mesmo foi algo triste. A infinidade de amigos e conhecidos perdidos para a AIDS. Mas, felizmente, ainda tenho grandes amizades que guardo no coração e que fiz na época, como o Lauro Ramalho, Victória Principal, o Charles (a Charlene Voluntaire), a Lady Cibele, o Demétrio e por aí vai...</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Pulando de 1988 para 2007, o que mais te chama a atenção na noite em geral?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Ih! Ao mesmo tempo que tem muita diferença, tem tanta coisa igual ainda!!! Bom... o número de bares e boates é praticamente o mesmo, só aumentaram de tamanho... e como aumentaram. Hoje ganhamos até as calçadas. Vá na República e confira!<o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Têm as diferenças de gerações, tipo namorar e ficar, mas isso não é próprio só do mundo gay. Havia mais inocência e as amizades mais fáceis de serem feitas. Não havia bares fim-de-noite, daqueles que vão até o meio-dia bombando, tipo <i>after-hour</i>. No máximo um sopão ou um xis no Van Gogh ou no Claudio´s, o bafão da época.<o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Têm coisas muito boas que passaram a acontecer. Que mudaram pra melhor. Hoje as travestis participam mais da noite dos gays, antes só aquelas que eram artistas circulavam na noite e as outras tinham seus próprios bares e que não eram frequentados por gays, como o bar da Lola, no Centro. Uma travesti uruguaia que te recebia de <i>penhoir</i> na porta. (risos). Os gays também estão mais na noite <i>hétero</i>, principalmente <st1:personname productid="em raves. Invadimos" st="on">em raves. Invadimos</st1:personname> o teatro como agentes e espectadores, a Redenção com as Paradas, corpos à mostra, a televisão, os shoppings, as ONGs trabalhando horrores por nós, leis que nos protegem. A noite melhorou muito em alguns aspectos, outros nem tanto.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">E a música? Mudou?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Na verdade, na minha opinião, não muito. O bom e velho House, filho da Disco, apesar da batida eletrônica bem mais forte, continua dominando as pistas. Acho que por causa do vocal das Divas, talvez. Gay adora uma diva (risos)! Antes, muito artista começava dublando nas pistas, Madonna, Donna Summer, Liza Minelli,... hoje isso continua igual, só mudaram as cantoras, Cher, Cristina Aguillera, Britney, Maya... O que mudou foi a entrada do Electro, do Techno e suas vertentes. Muito gay não frequenta a nossa noite justamente porque não encontra esse tipo de música em nossas pistas, a não ser em raves e casas alternativas. Nós gaúchos somos ainda muito dependentes de outros centros urbanos em termos de música. Quando o pública paulista já está cansando de uma música é aí que aqui começa a estourar. São Paulo ainda é uma referência enorme pra nós. Pra festas, músicas, shows, boates... Talvez a única exceção tenha sido o Enigma com o Herrera, que mandava buscar suas músicas diretamente de Londres e Nova York. Tem muito hit que estourou primeiro aqui. De resto, como pra tudo, ainda somos meio interioranos.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Falaste <st1:personname productid="em artistas. E" st="on">em artistas. E</st1:personname> os shows? Quais eram os artistas que tu vias na época?</span></b></span><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Deixa eu ver... Lady Cibele e Rebecca McDonalds, não lembro exatamente qual dos dois eu vi primeiro. Acho que foi a Cibele. Ela apresentava um pocket-show às quartas no Vitraux. MARAVILHOSO! A Cibele, com todo seu charme e inteligência, dublando maravilhosamente grandes cantoras, tipo Rita Lee, Barbra Streisand, Cida Moreira... Fiquei fascinado! Acho que toda minha ideia da arte transformista vem da visão da Cibele no palco e não era à toa que ela tinha no nome o Lady. No palco se transformava realmente numa mulher. Numa mulher daquelas que só um homossexual é capaz de idealizar. Linda, inteligente, charmosa, culta, classuda. Na primeira vez que a vi, depois do show, fiquei mais fascinado ainda, quando percebi que aquela linda mulher do palco era um rapazinho magrelo. Foi nestes shows que também vi pela primeira vez a Laurita, fazendo o clássico número da Nara Leão, com um violão com papeizinhos com as letras da música presos a ele. Hilário. Ah... também o Castanha, com a japonesa <i>Tumiraqueuatiro</i>.<br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">E a Rebecca?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">A Rebecca? Acho que a vi na rua, antes de vê-la nos palcos. Foi na Oswaldo. Me apontaram ela dizendo: "aquela ali é a Rebecca!" Na época ela já era um mito! E quando há vi no palco então... dublando <st1:personname productid="La Vie" st="on"><i>La Vie</i></st1:personname><i> en Rose </i>com a Grace Jones... ou uma música, que não lembro bem o nome, mas fez muito sucesso porque estava num comercial de whisky da época. NOSSA! A dublagem perfeita! Depois veio <i>New York, New York</i>, <i>Vogue</i>... sempre sucessos!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Mudaram as artistas? Mudaram os shows?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Siiiim! Mudaram muito! Bom, nossos grandes e melhores artistas ainda são os mesmo daquela época. Glória Cristal, Dandara, Laurita Leão, Charlene, Castanha, Rebecca. Mas estes são hours-concours. E havia muitos artistas maravilhosos que hoje não fazem mais shows, salvo em casos raros: Guadiara Makimba, Nury Desireé Vanessa DiCarlo, Carla Campos, Maiome Dantas, Daniela Alves, Priscila Góes, Greice Dickson, Tessy Moreno, ufa! Tantas!<o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Os shows, em geral, eram mais simples, mas tinham mais glamour, mais interpretação. O transformismo puro imperava. Não eram as músicas de pista que elas mais faziam, não. Eram grandes temas românticos, de filmes, grandes cantoras, próprias para grandes interpretações. Shirley Bessey, Barbra Streisand, Tina Turner, Edith Piaf, Liza Minelli, Eartha Kitty, Carmem Miranda, Gal Costa, Rita Lee, Vanuza... O visual podia ser mais pobre, mas em compensação as dublagens... nossa! eram maravilhosas. Aí veio a Madonna e as coisas começaram a mudar... <o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">As boates Discretus e Local Hero do Demétrio investiram muito em shows, com grandes shows montados, artistas do Rio e São Paulo, grandes noites de premiações. Depois o Vitraux foi crescendo e também investindo muito em shows, infraestrutura, etc., se transformando numa grande casa de shows. Depois veio o estilo drag no final dos 90 e mudou tudo isso. O foco saiu da dublagem e foi para o impacto da música, do visual. Não se usa mais quase vestido, as performances parecem ser sempre as mesmas. Mas ganhamos muito em qualidade e produção. A maquiagem melhorou muito. Dia desses olhava uma foto e percebi que antes as bichas não usavam cílios postiços, tu acreditas? Strass era artigo de luxo, muito luxo! Mas o trasformismo ainda resiste, Bruna Diniz, Fabielly Klimberg e Iaçana Makeba que o digam! Sinto falta das caricatas também, hoje não temos praticamente ninguém! Não sei se o estilo drag ainda vai permanecer por muito tempo, provavelmente sim, mas isso não depende só de nós, depende muito de novas formas estéticas, coisas da moda, o que o mundo da música produzirá daqui pra frente, são mudanças pra daqui a oito, dez anos, acredito. O próprio estilo drag vem mudando...</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Tu foste artista não foi? Ainda fazes shows?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Abafa!!!!! A louca!!!!! (risos) Sim, fui transformista no início da década passada, quando tinha dezoito pra dezenove anos. Fiz show seguidamente por cinco ou seis anos. Depois fui parando aos poucos. Começou por uma bricadeira de palco com a Cibele, que estava apresentando. Imitei uma cantora no palco, ela gostou, me convidou pra fazer show na semana seguinte, e aí nasceu a Greta, uma homegem minha à atriz Greta Garbo que tinha morrido naquele mês. Ganhei diversos concursos, cheguei a fazer bastante sucesso. Hoje, não sei se meu antigo estilo encontraria aplausos. Eram interpretações mais teatrais, músicas antigas, reflexo de meu gosto pessoal. Como artista, óbvio, seria capaz de me renovar e foi muito boa a experiência. Como ator, necessito muito da energia do palco e do público. Me alimenta, me renova. Minha última experiência com show foi no espetáculo o Cabaret, em abril de 2005, junto com a Victória Principal e a Rebecca McDonalds. Um grande sucesso. Mas desta vez quem fez show foi o Luciano e não a Greta.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">E o movimento gay, na sua opinião, como está?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Como falei antes, tivemos muitas conquitas, nosso movimento cresceu muito e muito fez por nós, apesar de ter rachado. Mas nossas conquistas e nossa exposição na mídia não se devem somente a nós. A economia nos descobriu: somos solteiros, sem filhos e consumistas, muito consumistas. E exigentes. Pagamos caro e exigimos qualidade. O comércio e uma série de serviços se voltaram pra nós. Mas ainda temos que nos comportar. Gay consumidor pode, aquele que só ocupa espaço, correm. Certas liberdades conquistadas ainda vêm mascaradas. Na verdade não diminuiu o preconceito, apenas nos toleram mais. O triste é que isto reflete dentro de nosso próprio mundo. Nós gays, somos preconceituosos conosco mesmos. Para muitos, parece que movimento gay é somente o fervo das Paradas. Ainda custamos a entender e reconhecer nossas diferenças. Sim, porque não vai achar que gay é tudo igual, não. Somos um microcosmos da realidade. Refletimos a grande sociedade em que vivemos, cada vez mais individualista, repleta de diferenças e estranhamentos. Como cientista social fica mais fácil entender tudo isso, mas como gay, ainda fico indignado!!!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Mas Porto Alegre ainda é exemplo no movimento não é?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Sim, claro! Fomos os primeiros no Brasil a conquistar uma lei própria pra nós, direitos previdenciários, etc... Neste aspecto parecemos mais politizados que o resto do país. Mas Porto Alegre é um paradoxo! No campo cultural ainda somos provinciamos, copiando tudo o que vem de fora. O que é triste, já que o povo de nosso estado tem fama de ser mais crítico. Por que trazemos muitos artistas do Rio e de São Paulo e os nossos não passam de Florianópolis? Já que nossa cultura parece tão forte, não seria natural que tivéssemos uma cena mais independente? Porto Alegre é uma cidade maravilhosa, cheia de possibilidades que deveriam ser melhor exploradas. Deveríamos nos manter conectados com o mundo sim, mas sem perder nossa identidade local e nossas especificidades e, ao contrário, valorizá-las!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Há um refrão na Parada Livre que diz: Porto Alegre é gay! Tu concordas?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Ih! Bom, somos alegres até no nome (risos)! Sob certo aspecto sim. Nossa cidade é alegre, colorida, linda, musical! Nosso gay é melhor tratado aqui do que em outros lugares. Pro tamanho da cidade parecemos ter um contingente gay bastante razoável. E ainda tem muito gay sisudo, carrancudo e escondido por aí! Que ainda não quer se expor! Diferenças entre identidade e prática. Respeito. Nem todo mundo precisa sair por aí levantando bandeiras com um neon na testa!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Tu te assumiste quando?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Quando comecei a sair, com dezesseis anos. No início, pra minha família foi um choque, mas com o tempo acabaram aceitando e hoje acham muito natural.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">Sofreste discriminação alguma vez?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;">Sim, várias vezes! Algumas divertidas, outras nem tanto!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;">O que te faz gostar de Porto Alegre?</span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 85%;"><b><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia; font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: 85%;">Bom, são minhas raízes. Adoro viajar, mas com a certeza que voltarei. E pros lugares que viajei jamais encontrei, nem similar, a luminosidade que Porto Alegre assume na primavera. É lindo!</span><o:p></o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Georgia;"><o:p> </o:p></span><br />
</div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-88503355543055876972009-01-23T21:39:00.010-02:002009-09-29T15:22:25.840-03:00Autoria - Quem sou?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih5Ixe1E1BX3KI7ubDc7c8V0g65NaKVaScAyTjZGfDizJL4yCWwbwnahPR6n2Dout3GgjFcDqvPRZalms2IWoalQjaFBQYPPEiQ8WBohAiMFylEUcRyRzi8HXEiSMKaWe5GaxOnxUc0WY/s1600-h/Oscar+2008+-+Eu.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362270069415956210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih5Ixe1E1BX3KI7ubDc7c8V0g65NaKVaScAyTjZGfDizJL4yCWwbwnahPR6n2Dout3GgjFcDqvPRZalms2IWoalQjaFBQYPPEiQ8WBohAiMFylEUcRyRzi8HXEiSMKaWe5GaxOnxUc0WY/s320/Oscar+2008+-+Eu.JPG" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 240px;" /></a><br />
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<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Salve caríssimos!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Escrever para um ambiente <i>web </i>não é exatamente uma novidade para mim. Mas num blog é a primeira vez. Em outras ocasiões, em outros sites, já pude participar de entrevistas, colunas etc. Porém, vou desenvolver melhor esta habilidade a partir de agora, juntamente com vocês.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Acho que será bom fazer uma apresentação mais detalhada a respeito deste autor que vos escreve. Bom... pra começar, sou nascido <st1:personname productid="em Porto Alegre" st="on">em Porto Alegre</st1:personname>/RS, tenho 37 anos completados em dezembro passado (2008), sou ator, e curso Ciências Sociais com ênfase <st1:personname productid="em Antropologia Social" st="on">em Antropologia Social</st1:personname>, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFCH/UFRGS).</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Meu interesse pelo assunto (a <i>homocultura</i>, ou cultura <i>queer</i>) começou num trabalho de pesquisa para uma disciplina de antropologia da faculdade. Mais especificamente com um trabalho de campo na Parada Gay de Porto Alegre, onde deveria pesquisar o caráter político do evento. Parecia uma festa! O universo de identidades ali presente era (e é) tão grande e diverso que fascinaria qualquer antropólogo. Um mundo colorido, alegre, rico em códigos e condutas das mais variadas, quebrando tabus e preconceitos, enfim, mostrando todo o tal caráter político que eu procurava e que só uma Parada poderia ter. Só não vê quem não quer. E este caráter não está somente nas bandeiras empunhadas, nas palavras de ordem e repúdio à moral heteronormativa. Está justamente no caráter festivo: nos shows, nas transformistas, nas montadas, nas <i>drag-queens</i>, nas travestis e seus corpos à mostra, nos gogo-boys e seus corpos à mostra, e sim, mais uma vez, nas bandeiras coloridas empunhadas. É esta afirmação da diferença, esta realização performática e ritualizada de um <i>modus-vivendi</i> diverso, porém alegre e festivo, que reside todo o caráter político da Parada do Orgulho Gay. </span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Fui percebendo, então, a verdadeira “sopa de letrinhas”, no dizer de Rechina Facchini, que um evento desses congrega. Contudo, infelizmente, as letrinhas desta sopa (os Gês, os eLes, os Bês e os Tês) parecem se congraçar apenas na comemoração do dia do Orgulho Gay. Ainda há muitos estranhamentos entre as diversas identidades <i>homo</i> e afins e que são perceptíveis em outras sociabilidades do universo <i>homo</i>. Obviamente, mais uma vez, um reflexo da sociedade heteronormativa em que vivemos. Afinal, é nela que somos criados e educados. E mesmo convivendo no mundo gay há 21 anos, foi somente participando das paradas é que estes fatos se tornaram evidentes para mim, de uma forma mais clara. Talvez o olhar antropológico, quando devemos “estranhar o familiar” tenha se aguçado nesse momento e superado a reles curiosidade.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Assim, para entender melhor esses estranhamentos, que passei a me aprofundar no tema e tentar dar minha modesta contribuição à quebra de certos preconceitos, dentro e fora de nosso mundinho. Aliás, será que os gays ainda vivem em mundinhos, dentre muros, em “guetos”? E foi estudando antropologia, me cercando das teorias da performance e de rituais, estudos do corpo e suas representações e também das sexualidades (sim, no plural!), assim como, lendo muito sobre gênero e identidade, que agora me sinto mais confiante para tratar da questão.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Portanto, minha intenção inicial é exatamente esta: escrever sobre acontecimentos e personalidades deste universo tão rico que as novas gerações, mesmo sendo criadas com toda a atual tecnologia a seu dispor e o mundo todo na ponta dos dedos e num clique do mouse, ainda não têm um acesso qualificado e nem um conhecimento discernido. Ainda. Afinal, só encontram uma série de informações desencontradas, entrecortadas, parciais, pela metade.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Ainda pareço pretensioso? (risos novamente)</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: verdana; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Enfim... o pontapé inicial da discussão está dado. Na próxima postagem vem mais coisa por aí... um desenvolvimento maior da discussão. Deixem seus comentários! Vamos lá, vamos acirrar e esquentar o diálogo. Estou aberto a críticas e sugestões. Um forte abraço e até a próxima! </span><br />
</div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7166626076584663570.post-22187760183046657462009-01-17T21:59:00.010-02:002009-09-29T15:18:25.217-03:00ABERTURA - Sejam Bem Vindos!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_IFNLgJYYzmu8r6sOzvhgUpmSzT1jnCbjJ02VjuLEoOqRQ6zLzNu4k9IptGcSNv7-jCsfSzt5as19mUS77nwkvszc3tPBx0H0YbTKhMdBmP2kWI9UQCkH7HNMoDmQAET5g-BV8H7mtxc/s1600-h/Bandeira+Gay.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362130242651892434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_IFNLgJYYzmu8r6sOzvhgUpmSzT1jnCbjJ02VjuLEoOqRQ6zLzNu4k9IptGcSNv7-jCsfSzt5as19mUS77nwkvszc3tPBx0H0YbTKhMdBmP2kWI9UQCkH7HNMoDmQAET5g-BV8H7mtxc/s400/Bandeira+Gay.jpg" style="cursor: pointer; float: right; height: 300px; margin: 0pt 0pt 10px 10px; width: 400px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Salve caríssimos!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify;"><span style="font-size: 85%;"><o:p> </o:p></span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Bem Vindos ao “<i><span style="color: magenta;">memorabilia gay</span></i>”!!! </span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Um blog que visa fazer um resgate da história da arte do transformismo por meio do registro das biografias pessoais e profissionais dos artistas e de personalidades do mundo LGBT de Porto Alegre no Rio Grande do Sul de maneira particular e também do Brasil de forma mais geral, assim como tentar trazer um pouco de informações e acontecimentos da chamada <i>homocultura</i> (ou cultura <i>queer</i>, como preferirem!).</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;"> </span><span style="font-size: 85%;">A idéia deste blog (que não é exatamente um blog pessoal, do tipo diário) é que ele tenha uma “cara” mais profissional, algo como um pré-site, na intenção de desenvolver, aos poucos, esse projeto de resgate e conservação da história e da memória da arte transformista.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Me dei conta dessa necessidade, ao ser convidado a desenvolver uma coluna no antigo site Angel Loiro, de propriedade de um grande amigo meu, Lucas Vieira. Essa coluna trataria das biografias e memórias de grandes personalidades do universo gay, fossem elas artistas ou militantes do movimento. Aconteceu que, ao pesquisar minha primeira biografia, a de Erick Barreto, grande ator-transformista pernambucano que residiu no Rio de Janeiro, percebi que nada de sua vida existia na rede. A não ser uns poucos vídeos seus postados no YouTube, de antigos programas do SBT. Aqueles de concursos de dublagem apresentados por Sílvio Santos e que foram febre nos anos 80 e 90 e que parecem estar voltando à telinha, mas não com o mesmo entusiasmo e glamour de antes.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Por isso, então, pensei na necessidade de criar um espaço, mesmo que ainda virtual, mas que sirva para propiciar esse resgate, registrar a memória <i>homo</i> e assim, tentar minimizar tanto o preconceito com a arte transformista, de maneira particular, que sempre foi considerada uma arte menor, como valorizar a <i>homocultura</i> de uma maneira geral.</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Penso que a chamada arte transformista, sendo uma forma de cultura própria de um grupo (no caso, os gays), nos remetendo a suas simbologias, seus códigos, seus mitos, seu cosmos, precisa de mais valorização, de um reconhecimento por parte da sociedade em geral, e da própria comunidade gay em particular, dada sua importância não só como forma de expressão, arte e entretenimento, mas, principalmente porque serve de trabalho e sustento material a muitos artistas, movimentando um mercado de consumo e oferta de bens e serviços que extrapola os limites dos “guetos” homossexuais e “reverbera” na sociedade como um todo. </span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Bom... de início acho fundamental começarmos por alguns esclarecimentos, algumas explicações que se fazem muito necessárias, que passarei a dar nas próximas postagens. Como por exemplo, o que vem a ser exatamente o transformismo? É apenas um hábito? É uma arte? E essa tal arte transformista de onde vem? Qual sua história? São tantos os questionamentos a cerca do assunto, são tantas as confusões conceituais... até porque não há exatamente muita literatura a respeito, principalmente científica, para dar um pouco mais de confiança em textos que possam vir a definir o que é ser um transformista. E na internet... NOSSA! Quanta besteira se encontra a cerca da definição do transformismo em comentários, em pretensiosas <i>webenciclopédias</i> (sim, estou falando da tão venerada Wikipédia, que para mim não é nada confiável) e também em outros blogs por aí. Caros colegas blogueiros, mais cuidado no que postam. É muita confusão! Diria, até, maquiando certo preconceito. Afinal, desinformação sempre pode gerar preconceitos, não é mesmo?!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Agora vocês podem se perguntar: -"Se ainda não há literatura científica para estabelecer um embasamento conceitual a respeito, quem é este blogueiro para tratar do assunto e tentar explicar algo?" Simples! Em primeiro lugar, a confusão começou com a própria ciência e por isso não é ela a mais embasada para tratar do assunto, por isso trarei a voz dos próprios artistas (quem melhor para falar do assunto?). Em segundo lugar, sou ator, cientista social pesquisador do Movimento LGBT e da <i>homocultura, </i>assim como alguém que convive há 21 anos com artistas transformistas na noite de Porto Alegre e talvez o primeiro a começar a tratar do assunto como um todo na internet. Me corrijam se estiver errado!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Pretensioso eu? Imagina!!! (risos)</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: georgia; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 85%;">Comecemos juntos, então, esta viagem por mundos glamourosos, coloridos e purpurinados! E até a próxima postagem!</span><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p><br />
</div></div>Luciano Bertahttp://www.blogger.com/profile/14687150458510436317noreply@blogger.com3