Salve caríssimos!
Escrever para um ambiente web não é exatamente uma novidade para mim. Mas num blog é a primeira vez. Em outras ocasiões, em outros sites, já pude participar de entrevistas, colunas etc. Porém, vou desenvolver melhor esta habilidade a partir de agora, juntamente com vocês.
Acho que será bom fazer uma apresentação mais detalhada a respeito deste autor que vos escreve. Bom... pra começar, sou nascido em Porto Alegre /RS, tenho 37 anos completados em dezembro passado (2008), sou ator, e curso Ciências Sociais com ênfase em Antropologia Social , no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFCH/UFRGS).
Meu interesse pelo assunto (a homocultura, ou cultura queer) começou num trabalho de pesquisa para uma disciplina de antropologia da faculdade. Mais especificamente com um trabalho de campo na Parada Gay de Porto Alegre, onde deveria pesquisar o caráter político do evento. Parecia uma festa! O universo de identidades ali presente era (e é) tão grande e diverso que fascinaria qualquer antropólogo. Um mundo colorido, alegre, rico em códigos e condutas das mais variadas, quebrando tabus e preconceitos, enfim, mostrando todo o tal caráter político que eu procurava e que só uma Parada poderia ter. Só não vê quem não quer. E este caráter não está somente nas bandeiras empunhadas, nas palavras de ordem e repúdio à moral heteronormativa. Está justamente no caráter festivo: nos shows, nas transformistas, nas montadas, nas drag-queens, nas travestis e seus corpos à mostra, nos gogo-boys e seus corpos à mostra, e sim, mais uma vez, nas bandeiras coloridas empunhadas. É esta afirmação da diferença, esta realização performática e ritualizada de um modus-vivendi diverso, porém alegre e festivo, que reside todo o caráter político da Parada do Orgulho Gay.
Fui percebendo, então, a verdadeira “sopa de letrinhas”, no dizer de Rechina Facchini, que um evento desses congrega. Contudo, infelizmente, as letrinhas desta sopa (os Gês, os eLes, os Bês e os Tês) parecem se congraçar apenas na comemoração do dia do Orgulho Gay. Ainda há muitos estranhamentos entre as diversas identidades homo e afins e que são perceptíveis em outras sociabilidades do universo homo. Obviamente, mais uma vez, um reflexo da sociedade heteronormativa em que vivemos. Afinal, é nela que somos criados e educados. E mesmo convivendo no mundo gay há 21 anos, foi somente participando das paradas é que estes fatos se tornaram evidentes para mim, de uma forma mais clara. Talvez o olhar antropológico, quando devemos “estranhar o familiar” tenha se aguçado nesse momento e superado a reles curiosidade.
Assim, para entender melhor esses estranhamentos, que passei a me aprofundar no tema e tentar dar minha modesta contribuição à quebra de certos preconceitos, dentro e fora de nosso mundinho. Aliás, será que os gays ainda vivem em mundinhos, dentre muros, em “guetos”? E foi estudando antropologia, me cercando das teorias da performance e de rituais, estudos do corpo e suas representações e também das sexualidades (sim, no plural!), assim como, lendo muito sobre gênero e identidade, que agora me sinto mais confiante para tratar da questão.
Portanto, minha intenção inicial é exatamente esta: escrever sobre acontecimentos e personalidades deste universo tão rico que as novas gerações, mesmo sendo criadas com toda a atual tecnologia a seu dispor e o mundo todo na ponta dos dedos e num clique do mouse, ainda não têm um acesso qualificado e nem um conhecimento discernido. Ainda. Afinal, só encontram uma série de informações desencontradas, entrecortadas, parciais, pela metade.
Ainda pareço pretensioso? (risos novamente)
Enfim... o pontapé inicial da discussão está dado. Na próxima postagem vem mais coisa por aí... um desenvolvimento maior da discussão. Deixem seus comentários! Vamos lá, vamos acirrar e esquentar o diálogo. Estou aberto a críticas e sugestões. Um forte abraço e até a próxima!