Salve
Caríssimos!!!
A
pesquisa que faço tem como foco específico fenômenos referentes à
nossa cultura, apesar de haver fenômenos semelhantes em outras
sociedades, como vimos na postagem sobre transgeneração. Por isso,
para maior esclarecimento, preciso delinear as bases que fomentaram a
arte transformista no Ocidente, no Brasil e em Porto Alegre.
Mas
qual cultura considero exatamente como nossa? Quando falo em uma
cultura nossa não o faço somente tendo como referência as
especificidades da cultura brasileira (ou as subculturas
brasileiras...). Mesmo porquê a cultura de nosso país não é
autóctone (original, nativa) e faz parte de um todo maior que
comunga muitos elementos culturais com outros países e regiões do
planeta que tiveram e/ou têm uma história comum ou que de alguma
estiveram ligadas ou em contato. Assim, quando falo em nossa cultura
também estou me referindo à Cultura Ocidental.
O
Ocidente, para nós cientistas sociais e historiadores, não é
somente um lugar geográfico. É muito mais um lugar sociológico e
histórico onde se deram e ainda se dão acontecimentos
importantíssimos que condicionam(ram) nossas formas de ver, viver,
apreender e compreender o mundo.
E
o que vem a ser a Cultura Ocidental? Geralmente
a relacionamos a uma Europa industrializada e nórdica ou então a
algo que nos remeta aos Estados Unidos da América e o conjunto de
valores e formas de interpretar e ordenar o mundo proveniente desses
países. Entretanto, devemos estar atentos às raízes da Cultura
Ocidental. Lembrando das aulas de História, recordaremos facilmente
que o berço do Ocidente está na Grécia Antiga e no Império
Romano. Foram lá nestas duas civilizações antigas que nasceram as
bases de nossa cultura e que ainda nos são caras, tais como a razão,
a filosofia, o direito, a democracia, nossa forma de arte, dentre
outras. E alguns destes valores greco-romanos foram perpassando a
História e atingindo outros povos, através da expansão do Império
Romano e destes, depois da formação dos Estados Nacionais europeus,
vieram descambar nas Américas. Assim, em termos gerais, Europa
(países ao oeste) e Américas (do Norte)formariam o que chamamos de
Civilização Ocidental. Esta Civilização é formada por dois
troncos culturais distintos: uma germânica e outra latina. A
germânica influenciou países como Alemanha, Inglaterra, Holanda,
etc. A latina se configurou em países como França, Itália,
Portugal e Espanha, dentre outros.
Acontece
que em sua formação e história, o tronco latino da Civilização
Ocidental recebeu muito mais influências do Oriente do que o
nórdico-germânico, através de um contato mais direto pelo comércio
no Mar Mediterrâneo, das invasões árabes, do Cristianismo que
congrega muitos elementos da religião Judaica e da cultura hebraica,
das Navegações Marítimas na Idade Moderna, etc. Muitas dessas
influências são oriundas da Ásia (Oriente Próximo) e do norte da
África. E entre estas influências, que aqui nos interessam, é
exatamente a forma como essas civilizações antigas lidavam com as
questões de gênero e que, nós brasileiros, herdamos através dos
portugueses, seja pelo viés ibérico, seja pelo viés
judaico-cristão (português, no nosso caso). Esta subdivisão da
Cultura Ocidental ajuda a explicar porque há diferenças na forma
que latino-americanos e habitantes da América anglo-saxônica lidam
com as questões de gênero e sexualidade, por exemplo.
Assim,
ao colocar conceitos sobre sexo, gênero e identidade, o farei tendo
por base como essas questões foram construídas e se constituindo,
em termos gerais, dentro do que chamamos Civilização Ocidental e
na cultura brasileira de uma forma mais particularizada.
Das
várias características que podemos agregar à atual cultura
ocidental estão a racionalidade de nosso pensamento, o uso e
desenvolvimento de um aparato tecnológico, a força da ciência, os
ideais democráticos, a defesa dos direitos humanos e as relações
de produção ancoradas num sistema econômico capitalista. Alguns
deles ainda são remanescentes dos ideias greco-romanos, outros
surgiram e foram ressiginificados a partir de nossa Modernidade.
Aliás,
outra categoria de análise importante para apreciarmos a formação
e o desenvolvimento desses fenômenos de gênero é justamente a
Modernidade. E o que vem a ser a tal Modernidade?
Modernidade
é usada para nos referirmos à gênese, o desenvolvimento e a
consolidação de vários processos de ordem econômica, social e
cultural ocorridos desde o final da Idade Média até os dias atuais.
Teve início na Europa mas, atualmente, seus valores se impõem
culturalmente a quase totalidade do planeta. Começou com uma
gradativa ruptura dos valores tradicionais medievais por meio de um
resgate do ideário humanista da civilização greco-romana e da
também gradativa ascensão e imposição do ideário liberal
capitalista da classe burguesa. É difícil separarmos Modernidade e
Civilização Ocidental. E quais
são suas características? A civilização greco-romana se esfacelou
com a queda do Império e pelas invasões bárbaras, là pelos
sèculos V a VI . As populações deixaram as cidades e foram viver
nos campos, onde julgavam-se mais protegidas das hordas invasoras e
um dos objetivos era tomarem as cidades. Começava a Idade Mèdia,
com suas caracterìsticas arcaicas e prè-Modernas. A influência da
Igreja Catòlica ainda era muito grande e ela tinha uma influência
muito grande nas questôes de gêmero e da sexualidade. Sendo
considerado um desvio nessa ordem ou uma anomalia muito grande, quase
um pecado. Tida como uma època de trevas para a civilizaçâo
ocidental, o mundo ocidental esteve sob o jugo catòlico e qualquer
desvio da ordem sexual era tido como anormal e tratado, às vezes,
pela inquisiçâo medieval. A homossexulidade jà era muito comum,
porèm, ainda era muito restrita. O transformismo , como pràtica,
existia, porèm de forma rara, A transgenerâo, era muita rara, porèm
existia em alguns pontos isolados, como no Brasil como Luiz Mott jà
relatou. Alguns escritores e atè historiadores jà nos relataram
dezenas de casos de homossexuais e transgêneros dessa època da
història. Alguns casos tornaram-se atè famosos, como por exemplo, a amante do compositor Ferederic Chopin, por ser uma mulher e para tornar-se uma escritora e ser aceita como tal precisou vestir-se e comportar-se como um homem, chamada de George Sand, pois para mulheres certa atividades eram proibidas Por essa època (na
idade Mèdia) estes fatos eram atè muito comuns. AS dècadas e os
anos foram passando e chegamos, digamos, ao nascedouro da
modernidadde, A Revoluçâo Francesa e a consolidaçâo da Europa e
das Amèricas. A partir das Revoluçôes Francesa e Industrial o
mundo começou a tornar-se menor. A Ciência e a Medicina jà haviam
tido sua revoluçâo (sèculo XVII) e muito se desenvolveram a partir
de entâo influenciando muito as idèias a partir de entâo.